LUCAS MAGALHÃES: “A MODA BRASILEIRA CRESCEU PORQUE PERDEMOS O MEDO DE NOS ASSUMIR”
Recém-saído do Grupo Nohda, depois de quatro anos sob o guarda-chuva de Patricia Bonaldi, Lucas Magalhães inicia uma nova fase de sua carreira, na qual a liberdade de criação é via de regra. A marca, que carrega seu nome e acaba de entrar no Texbrasil (Programa de Internacionalização da Indústria Têxtil e de Moda Brasileira) — resultado de uma parceria entre a Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção) e a Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) —, está em fase de experimentação de fibras, estampas e parcerias: já realizou collabs com a FM86, de camisetas, a Lucchetto, de bolsas, e a Nuu Shoes, de sapatos.
O estilista mineiro, uma promessa de talento concretizada com o passar dos anos, conversou com o Texbrasil sobre a sua visão do momento em que a moda brasileira se encontra. Segundo Lucas, agora “enxergamos as nossas verdades, não tentamos mais criar olhando para fora”. Ele também fala sobre seu novo modelo de negócios, baseado no cooperativismo. Com o On Mode, pop up store itinerante, Lucas leva seus produtos e marcas amigas, como Notequal, Fe-lis, Virgílio Couture e Molett, para cidades de todo o país.
Confira abaixo o nosso bate-papo com o estilista.
Qual é a sua opinião sobre o atual cenário da moda brasileira?
Hoje, somos originais e acredito que o mundo tem olhado para a gente cada vez mais por causa dessa autenticidade. A verdade é que a moda brasileira cresceu porque perdemos o medo de nos assumir, de assumir a nossa identidade.
Em qual sentido?
Nós não usamos mais os ícones básicos de brasilidade como muleta. Na minha visão, a nossa moda está mais inteligente, não só na questão do estilo, mas na escolha de cores e de matérias-primas. Percebo que agora enxergamos as nossas verdades, não tentamos mais criar olhando para fora. As marcas novas surgem já com esse olhar de dentro, sem medo. E percebo que as antigas também fazem essa reflexão e isso ajuda muito o crescimento do nosso setor.
Você já foi um “novo talento”, uma promessa, e hoje é um estilista estabelecido. Para você, quem são hoje os novos talentos da moda brasileira?
Tenho visto muitos talentos ao meu redor nos últimos anos. Acredito muito no Lucas Barros, que trabalha com o tricô (como eu), ele é muito autêntico. Uma marca que vem chamando a minha atenção é a Ca.ce.te, que faz um masculino cool, com uma pegada bem urbana. Eles têm uma preocupação com a fibra, que eu valorizo muito. Outra marca é a Dusted que faz um urbano mais pesado.
Como você definiria hoje a moda brasileira?
Criatividade, cor e muita força.
Conte um pouco sobre essa nova pegada de negócios da sua marca.
A minha decisão de não abrir uma loja física foi pensando muito no consumidor. Queria atender mais as regiões do Brasil, trazer histórias diferentes das minhas, agregar mais. E foi aí que a ideia das pop up stores do On Mode surgiram. Inverti essa situação: hoje, eu que vou ao cliente, assim atendo o Brasil todo, divulgo muito mais a minha imagem e, com o meu novo e-commerce faço, ainda a produção conforme a demanda.
Sobre o Texbrasil
O Programa de Internacionalização da Indústria Têxtil e de Moda Brasileira (Texbrasil) atua junto às empresas do setor têxtil e de confecção no desenvolvimento de estratégias para conquistar o mercado global. Ao longo quase vinte anos, já auxiliou cerca de 1500 marcas a entrar na trilha da exportação, realizando USD 3,6 bilhões em negócios. O Programa é conduzido pela Abit em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil).