Emilio Fraia vende os direitos de adaptação de “Sebastopol” para o cinema



Emilio Fraia vende os direitos de adaptação de “Sebastopol” para o cinema

O autor brasileiro Emilio Fraia teve os direitos de adaptação para o cinema do livro “Sebastopol” vendidos para a Prodigo Films. O projeto será dirigido por Caio Ortiz e produzido por Beto Gauss e Francesco Civita.

O contato entre o escritor e a produtora foi promovido pela editora Alfaguara, que é um selo da Companhia das Letras, participante do Brazilian Publishers — projeto de internacionalização de conteúdo editorial brasileiro realizado por meio de uma parceria entre a Câmara Brasileira do Livro (CBL) e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil). “A princípio, será um filme com as três histórias. Mas nunca sabemos o que pode acontecer”, afirma Emílio. O livro que dá origem à produção está em tradução para o inglês e, em 2021, será publicada pela publisher norte-americana New Directions.

Dividido em três contos distintos, as histórias de “Sebastopol” funcionam por si só, mas, ao mesmo tempo, estão conectadas de maneira sutil por um andamento comum.  “A semente do que viria a ser uma das histórias está no conto que publiquei na revista Granta que saiu em 2012”, conta o autor. Essa edição da revista britânica elegeu os melhores escritores brasileiros com menos de 40 anos. Dentre eles, Emílio Fraia.

Na primeira história, uma escaladora, ao enfrentar o desafio de subir o Everest, sofre um acidente que muda sua vida. Descobre um vídeo, anos depois, em que um artista parece narrar a sua história. No centro-oeste brasileiro, um homem desaparece em uma hospedagem desativada e, aos poucos, vamos conhecendo mais sobre ele. No último conto, uma jovem, junto de um velho diretor de teatro, escreve sobre um pintor russo que nunca terminou uma de suas principais obras. O artista viveu durante o cerco de Sebastopol (1854-1855), o principal combate da Guerra da Crimeia, que mobilizou algumas potências ocidentais contra a Rússia czarista no século XIX.

“No livro, há sempre alguém que conta, imagina, recorda”, pontua o autor. E a história manifestada dessa forma toma a frente e acaba funcionando como uma espécie de comentário à narrativa principal —  e ao livro também.  O conjunto dos contos, agrega uma complexidade à obra.

“Sebastopol” foi um dos ganhadores do prêmio da Biblioteca Nacional e finalista dos prêmios Jabuti e Oceanos. O livro teve, também, uma das três histórias publicada na revista The New Yorker, edição de dezembro de 2019.

Trabalhos anteriores

O primeiro livro de Emílio, “Verão de Chibo”, também publicado pela Alfaguara , foi escrito em parceria com Vanessa Barbara, em 2008. O livro foi finalista do Prêmio São Paulo e teve ótima recepção crítica.  “A Vanessa e eu fomos convidados para a Festa Literária Internacional de Paraty daquele ano. Tínhamos 25 anos”, relembra o escritor.

Emílio tem em sua trajetória três trabalhos diferentes entre si, em termos de formato, e conta que, no primeiro deles, a experiência de escrever uma ficção literária em colaboração com Vanessa foi riquíssima. “Foi um desafio porque de repente o enredo ia para um lado completamente inesperado e o outro tinha que resolver.” Deu tão certo que a obra resultou em importantes prêmios.

Explorando outro formato, em 2013, Emílio escreveu o argumento e o roteiro de uma graphic novel, “Campo em Branco”, da casa editorial Companhia das Letras, que desenvolveu em parceria com o artista visual DW Ribatski. “Foi uma oportunidade de expandir temas que já estavam no livro anterior  — a relação entre irmãos, a tentativa de resgatar algo que não existe mais”, explica Emílio.

A parceria com o DW Ribatiski também foi uma experiência à parte. De início, Emílio pensou que poderia escrever um conto longo e que o DW adaptaria. Mas à medida que foi imergindo no universo dos quadrinhos, novas maneiras de pensar e produzir a história foram trabalhadas. “Ao longo do processo fui entendendo que para comunicar certos climas, ritmos, tempos e intenções que estavam na minha cabeça, o caminho devia ser outro.” Pensar como a história avança de um quadro para o outro, de uma página para outra, em meio a todos esses processo, foi uma experiência muito positiva ao escritor.

Sobre novos trabalhos, o autor aguça nossa curiosidade e revela que agora trabalha em um romance: “tudo o que sei por enquanto é que é a história de duas irmãs”.

Sobre o Brazilian Publishers

Criado em 2008, o Brazilian Publishers é um projeto setorial de fomento às exportações de conteúdo editorial brasileiro, resultado da parceria entre a Câmara Brasileira do Livro (CBL) e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil). A iniciativa tem como propósito promover o setor editorial brasileiro no mercado global de maneira orientada e articulada, contribuindo para a profissionalização das editoras.