Franquias e associações se unem para superar a crise econômica gerada pela pandemia de COVID-19



Franquias e associações se unem para superar a crise econômica gerada pela pandemia de COVID-19

Em conversa com o time do Franchising Brasil, franqueadores e dirigentes de associações presentes na Europa e América Latina compartilham experiências e soluções possíveis pós-crise

A pandemia de COVID-19 resultou em uma verdadeira transformação do panorama econômico global. Nos últimos meses, o mundo presenciou desdobramentos comerciais que mudam a cada dia. O time do site do Franchising Brasil — projeto de internacionalização que a Associação Brasileiras de Franquias (ABF) realiza em parceria com a Agência Brasileira de Importação e Investimentos (Apex-Brasil) — conversou com três players globais do setor de franquias, que pintaram um cenário de como a Europa, América Latina e o Brasil estão enfrentando e inovando durante a crise.

A Europa foi o segundo epicentro do surto do novo coronavírus após seu início na China. De acordo com o relatório sobre mercados globais e o coronavírus, produzido pela Apex-Brasil, há previsão de recessão técnica ou crescimento próximo de zero em 2020 para as principais economias do continente.

Pesquisa realizada pela Associação Portuguesa de Franchising junto a 1.410 franqueadores, aponta que a grande maioria dos setores sentiram um declínio de faturamento quando comparado ao mesmo período do ano anterior. “O setor de logística é aquele que tem sentido um aumento, fruto da grande procura de bens de primeira necessidade. O home office foi implementado por cerca de 85% das empresas que responderam ao inquérito, demonstrando assim a flexibilidade perante um cenário de isolamento social”, conta Cristina Maria Matos, diretora geral da Associação Portuguesa de Franchising.

Os dados mostram que 61% dos franqueados das redes portuguesas que responderam a  pesquisa pararam completamente a sua atividade e revelam que uma pequena parcela, apenas 1,4%, projetam cenários pouco promissores para o futuro. “Este número de 1,4% só é possível graças ao apoio que os empresários recebem do franqueador e dos restantes franqueados, é essa partilha de conhecimento e o apoio recebido que permite perceber o porquê das taxas de encerramentos no franchising serem inferiores à do restante tecido empresarial”, explica.

Segundo análise da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), a América Latina deve se tornar um importante foco da doença e estima-se contração de -1,8% do PIB da região no ano de 2020. Para Gabriel Grasiuso, secretário geral da Federação Ibero Americana de Franquias, o mercado mudou e há novas regras que certamente serão “a nova realidade”.

Gabriel fala ainda de como os franqueadores latino-americanos estão encarando a pandemia. “Em geral eles  tomaram medidas muito boas, imediatamente, entendendo o contexto e a situação de todos. Isso nada mais é do que falar sobre os benefícios desse modelo de negócios, no qual eles pertencem a uma rede onde todos têm os mesmos interesses.”

Entre as ações de boas práticas tomadas pelos latino-americanos estão: perdão total ou parcial do pagamento de royalties; suporte nas negociações com inquilinos e fornecedores, além de ações colaborativas como a participação dos franqueados na hora da tomada de decisões por meio de comitês.

Em Portugal, a inovação é via de regra. Há franquias de fitness que implementaram sistemas de treinamento online, imobiliárias que desenvolveram sistemas de visitas digitais e redes de seguros e consultoria financeira que disponibilizam apoio telefônico gratuito para empresários entenderem melhor o apoio do governo português. Além disso, grande parte das marcas estão investindo em treinamento online para os seus trabalhadores.

Para Jae Ho Lee, CEO do Grupo Ornatus e Diretor Internacional da ABF, as franquias brasileiras que apostaram na internacionalização de sua marca têm chances de passar por essa crise com um respiro. “Há mercados que inclusive sofreram menos, estão reagindo mais rápido. Se você tem uma operação em um país mais maduro, o retorno virá antes, pois há uma curva mais acentuada. Esse é o maior benefício de ter uma operação internacional: você colocar os seus ovos em mais cestas e tem mais fôlego”.

Mas como agir durante essa crise?

Na opinião de Jae, o setor brasileiro precisa se manter unido e saber que pode contar com o apoio da ABF durante esse momento: “no sistema de franquias a nossa fortaleza é o nosso relacionamento com o franqueado. Isso vai nos aproximar mais ainda, esse é o legado dessa situação. Participaremos, juntos, da solução”. Ele termina dizendo que “os franqueados são parte da cadeia. Esse é o momento de ser transparente, ter empatia, compartilhar o máximo de informação e se manter unido”.

Cristina, da associação portuguesa, segue a mesma linha de pensamento. Para ela, os franqueadores devem apoiar ao máximo as suas redes de franqueados, incentivando as reuniões online e os treinamentos gratuitos, nos pontos considerados mais críticos. Além disso, a sugestão é que eles realizem um mapeamento de quais são os encargos financeiros que podem garantir a longevidade do negócio dos franqueados e encontrem soluções para reduzí-los.

E finaliza: “planejem com a rede de franqueados as ações de marketing que deverão ocorrer durante o estado de emergência e após. Para os franqueados, que não desistam. Procurem ser proativos na busca de novos produtos e serviços para a marca, trabalhando em conjunto com o franqueador para o bem-estar do negócio”.

Sobre o Franchising Brasil

O Franchising Brasil é um projeto conjunto da Associação Brasileira de Franchising (ABF) e da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), que visa apoiar a estratégia de internacionalização das redes brasileiras de franquias e sua promoção comercial internacional. A iniciativa foi concebida para promover este reconhecido modelo de negócios nos principais mercados internacionais.