Relações Transatlânticas



Em setembro, personalidades do alto escalão político de Estados Unidos e União Europeia reuniram-se em Pittisburgh, na Pennsylvania, para o primeiro Conselho de Tecnologia e Comércio (EU – US Trade and Technology Council). Após discursos de aproximação política mutualmente divulgados desde a posse do Presidente Biden, em janeiro deste ano, a ocasião marcou o reinício da cooperação entre os parceiros após disputas comerciais iniciadas durante a administração Trump.


Foram tratadas possibilidades para uma abordagem comum sobre licenças de exportação, investimento, cadeias globais e regionais, e questões tecnológicas. Neste último item, mostraram-se especialmente relevantes as áreas de inteligência artificial, tratamento de dados e segurança digital, agendas nas quais Estados Unidos e União Europeia admitidamente buscam equalizar a força econômica chinesa. Segundo o Comissário europeu para o Comércio, Valdis Dombrovskis, é no campo da econômica digital que batalhas geopolíticas modernas serão travadas.


No que diz respeito à Organização Mundial do Comércio (OMC), que vive futuro incerto desde a paralização do Órgão de Solução de Controvérsias em 2019, ambos Estados Unidos e União Europeia concordaram com a necessidade de se reformar as disposições da organização. Discutiu-se a modernização dos acordos regentes da organização, que datam dos anos 1990 e herdaram muitas provisões imutáveis do GATT/48. Embora sem muita convergência em substância sobre itens da reforma, os parceiros concordaram que o sistema de regras multilaterais de comércio é essencial para a retomada do crescimento e interconectividade das nações.


Embora Dombrovskis tenha rechaçado o fim da “abordagem de confrontação da era Trump” às vésperas do Conselho, as sobretaxas estadunidenses para aço e alumínio mantêm-se na gestão Biden sob forte pressão da indústria e sindicatos do setor. Em retaliação, a União Europeia aplicou tarifas similares (25% de imposto de importação ad valorem) a alguns produtos americanos, o que trouxe os Estados Unidos à mesa de negociação. Entre os produtos afetados incluem-se algumas nozes, queijos, óleos e gorduras vegetais, frutas e sucos. O assunto segue incerto, tendo o dia 1º de novembro como um prazo informal para solução, pois a partir dessa data a União Europeia pode, legalmente, elevar a sobretaxa.