BeCreative: olha lá, um balão no céu!


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BeCreative: olha lá, um balão no céu!

 

Um veículo mais leve do que o ar, com capacidade para fazer imagens de alta resolução e que pode ser utilizado para monitoramento de grandes eventos, vistoria de fazendas, combate ao desmatamento e até trabalhos para emissoras de televisão. Trata-se do aeróstato (um balão flexível) produzido pela empresa brasileira Altave e que foi apresentado no evento Brasil Tecnológico, no México, no mês passado, com apoio da Apex-Brasil.

O produto, que tem câmera embarcada com alta sensibilidade à luz para uso noturno é a “menina dos olhos” da Altave, indústria aeroespacial fundada em março de 2011 por dois engenheiros recém-formados pelo ITA e que desenvolve veículos mais leves que o ar, com foco múltiplas aplicações. A Altave nasceu em uma incubadora de negócios no Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) e hoje também possui um escritório no Parque Tecnológico de São José dos Campos.

Nosso foco inicial era trabalhar com os chamados balões cativos, do tipo torres flexíveis, para câmeras de monitoramento, rádios etc. O balão é flexível no sentido da altura, do tipo de equipamento, do posicionamento. Ele é diferente de uma torre fixa que pode ser instalada em qualquer lugar, por exemplo”, conta Leonardo Nogueira, diretor de Marketing e Vendas da Altave, em entrevista ao Blog da Apex-Brasil.

Segundo ele, a empresa fez, em 2017, as primeiras exportações. Foi vendido um serviço para a Argentina e um balão para a França, para um parceiro que comercializa os balões na Europa. “Neste ano, estamos tentando abertura no Peru, Colômbia, México e Estados Unidos. São nossos focos para 2018. E o apoio da Apex-Brasil é importante nesse sentido”, explica Leonardo Nogueira. Confira a entrevista a seguir:

Qual o trabalho da Altave?

Inicialmente, a empresa era uma startup que foi criada em São José dos Campos. Ela começou na incubadora do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA). Nós começamos a empresa em 2011. A partir de 2014, colocamos o produto na rua, apresentando-o à Polícia, Exército e companhias de telecomunicações. Em 2015, surgiu nosso primeiro grande contrato, com as Olimpíadas do Rio de Janeiro, para fazer a segurança do evento. Depois, nós começamos a aumentar o número de soluções para o mercado civil. Fomos para a área de florestal. A partir daí começamos a trabalhar com grandes empresas do setor, fazendo trabalhos de conectividade e monitoramento de incêndios florestais.

Quais as outras áreas de atuação da empresa?

Temos atuação nos segmentos de defesa, óleo e gás, agricultura, mineração e telecomunicação. O conceito é muito simples. É uma torre de monitoramento, só que é em formato de balão. Temos trabalhado cada vez mais, não só no equipamento que vai no balão, mas, também em gerar inteligência para o cliente. Não queremos ser somente uma indústria prestadora de serviços. Criamos um departamento de computação e já conseguimos gerar relatório de incêndios florestais em determinada região. Estamos muito mais automatizados, agregando mais valor

Como funciona essa tecnologia?

A tecnologia que utilizamos na Altave já existia em outros países, como os Estados Unidos e Israel, que são fortes no segmento, com viés de segurança de guerra, por exemplo. Nós a achamos interessante, porque o Brasil tem muitos buracos na área de telecomunicações, até por causa de sua extensão geográfica. Achamos que o balão seria uma forma interessante de cobrir essas regiões. O balão cobre uma área muito maior do que as torres. Ele fica muito mais alto do que uma torre, que é instalada a 45 metros, 60 metros de altura. O balão fica a 150m, 200m de altura. Com o mesmo equipamento você cobre uma área maior.  É uma bola em que a gente coloca gás hidrogênio e hélio, principalmente hélio. O cabo que o prende no chão, leva energia e fibra ótica. E tem um guincho embaixo, você opera com controle remoto e ele sobe e desce. Você pode colocar o guincho no chão, numa picape, numa lancha. A gente deixa o cliente sonhar o que ele entende.

Como é feita a venda?

É difícil o cliente chegar e pedir um balão, não é bem uma torre. Então a gente vende a ideia de torre flexível. O cliente que nos procura, em geral, é um cara que tentou torre, helicóptero e outras soluções e não ficou satisfeito. Só este ano é que, de fato, tem cliente começando a nos procurar atrás do balão. O público está sendo formado. Também estamos começando um blog para educar as pessoas a respeito desse assunto

E quanto às exportações?

No ano passado fizemos nossas primeiras exportações. Vendemos um serviço para a Argentina e um balão para a França, para um parceiro que está comercializando nossos balões na Europa. Neste ano, estamos tentando abertura em países como o Peru, Colômbia, México e Estados Unidos. São nossos focos para 2018.

Onde vocês já estão operando?

Não temos operação direta no exterior ainda, mas já estamos com uma parceria na Argentina. A empresa ainda é nova e estamos tateando o mercado para não cometer nenhuma besteira. Trabalhamos basicamente com prestação de serviços, fornecimento de hardware e equipamento e montagem, além de operação de inteligência e do equipamento.

Como é feita a busca de captação de parceiros?

Como cada país tem suas próprias regulamentações, temos procurado parceiros que comprem a ideia dos balões flexíveis. A gente capacita os operadores, tanto no Brasil quanto no exterior, explicando como funciona a manutenção e a integração de hardware. E temos conseguidos bons resultados. Na França, já treinamos 20 operadores. O equipamento está tendo saída. Agora vai sair mais, com a certificação europeia, que deve ser liberada em breve. O próprio exército da França já pediu orçamento para a gente.

Como funcionam as certificações?

Há dois tipos de certificações importantes para a gente. Tem a parte vinculada ao setor aeronáutico, que libera o balão a estar apto a entrar no espaço aéreo do país. E isso é muito bom para a nossa empresa. Diferente do drone e do vant, em que a lei ainda está sendo discutida, em relação ao balão existe lei no mundo inteiro, que regulamenta o seu uso. Assim, para a gente é tranquilo a parte da aeronáutica.

E quanto ao produto?

Alguns países e clientes demandam a certificação de órgãos que funcionam como o Inmetro de cada país. Estamos tirando o selo do produto na França. E isso nos ajudou a evoluir. É que desde o fio elétrico dentro do balão até o manual de instruções a gente teve que mudar alguma coisa. Amadurecemos muito tirando o processo de certificação na França. Para os Estados Unidos, teria que fazer uma espécie de recertificação, mas o processo é similar. Quando fizemos o pedido de certificação europeia já tivemos cuidados para deixar muito similar ao que exige a lei norte-americana. Agora na grande maioria dos outros países não precisa tanta especificidade, a não ser que o cliente demande.

O padrão operacional brasileiro é bem aceito mundo afora?

É basicamente os Estados Unidos que exigem uma certificação especial da empresa. Em todos os outros lugares a gente recebeu elogios pelo nosso trabalho. Dá para entrar sem medo.

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