#BeCreative: a preservação e a valorização do caráter cultural do alimento
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Felipe Ribenboim destaca-se entre os chefs de sua geração ao optar pela aplicação de pitadas de modernidade nos tradicionais pratos da culinária brasileira. Nesse sentido, ele utiliza influências das cozinhas francesa e espanhola. O resultado? Simplicidade e sabor. Características de um profissional que busca “novas experiências sensitivas” com a gastronomia e que já trabalhou em parceria com a Apex-Brasil em vários eventos.
Ele também coordenou pesquisas sobre gastronomia e foi curador do seminário Fru.to, promovido com apoio da Agência no início do ano, em São Paulo. O evento reuniu mais de 30 especialistas em ciência, sustentabilidade e alimentação, além de representantes da indústria, que discutiram alternativas estratégicas para lidar com o desafio de como alimentar o planeta. “O apoio da Apex-Brasil é essencial para toda a cadeia do alimento. É importante contar com uma agência deste porte que projeta e fomenta a imagem dos ingredientes e da cultura alimentar do Brasil para o exterior”, afirma, em entrevista ao Blog da Apex-Brasil.
Graduado em Gastronomia, com pós-graduação pela Universidad de Barcelona, Ribenboim trabalhou em restaurantes de São Paulo e da Espanha. Ele também é um dos idealizadores do projeto “Alimentário – arte e construção do patrimônio alimentar brasileiro”, apresentado no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Há mais de uma década, faz expedições de investigação da gastronomia e, em 2017, coordenou o projeto Arte & Sabor 2017, do Instituto Tomie Ohtake, que utiliza alimento, arte, cultura e educação com a parceria de 70 merendeiras conveniadas do município de São Paulo, com impacto em 10 mil crianças.
Fã da comida simples, Ribenboim come de tudo. Desde criança, não tem nada que o faça fechar a cara ao olhar para um prato. Prova de que respeita o alimento, considerado pelo chef um dos fatores pelos quais identificamos a identidade cultural de um povo. Segundo ele, no Brasil, muitos alimentos foram introduzidos durante a colonização, o que fez surgir em torno do plantio a lavoura, o comércio e as manifestações culturais. “O Brasil ainda busca uma identidade gastronômica, ainda dá muito valor ao produto de fora e precisa entender que o diferencial que possui em relação a outros países é a questão da cultura indígena”, afirma, na entrevista que você confere a seguir:
Quais as alternativas para alimentar o planeta?
Para mim, o mais importante é perceber, após as palestras do Fru.to, que, sim, há alternativas. Centenas, milhares delas. Mas todas dependem de nós, consumidores.
Qual a relevância de ações como o Fru.to?
O Fru.to tem como premissa dialogar e fomentar as discussões em torno do acesso ao alimento saudável. É a partir da reunião de ideias que percebemos que existem, sim, muitas soluções para as questões de sustentabilidade e do acesso ao alimento para a população global; o que é preciso é agir em grande escala.
Quais as influências da gastronomia brasileira? O que a leva a se distinguir? Como ela é vista no exterior?
A cozinha brasileira tem sua formação nas apropriações e adaptações, tendo como base a cozinha dos povos originários, dos fundamentos europeus e das raízes africanas. Ao longo dos anos foram somando outras culturas, tais como japonesas, italianas, árabes, judias, alemãs… isso aconteceu também em outros países colonizados e de forte influência externa. Mas o que se destaca é mesmo a sua raiz indígena em boa parte das tradições alimentares, principalmente nas diversas utilizações da mandioca. E é nesse caminho que devemos seguir adiante, promovendo a cultura alimentar brasileira, interna e externamente.
Que cuidados os brasileiros que atuam nesse ramo devem ter?
Acho que todos nós temos de preservar e valorizar o caráter cultural do alimento, suas simbologias, histórias e expressões associadas ao seu cultivo, plantio e comércio.
Qual a importância do apoio que a Apex-Brasil dá à gastronomia nacional?
Essencial para toda a cadeia do alimento. É muito importante contar com o apoio no âmbito federal e com uma agência deste porte que projeta e fomenta a imagem dos ingredientes e da cultura alimentar do Brasil para o exterior.
Como foi a parceria com a Apex-Brasil no setor, tanto no Fruto quanto na ExpoMilão?
Sou muito grato em contar com o apoio da Apex-Brasil em alguns dos projetos desenvolvidos e realizados. A participação importante da exposição Alimentário, na Expo Milão 2015, abrindo as atividades culturais do pavilhão do Brasil, foi um importante passo, tanto para a Apex-Brasil quanto para o setor de cultura alimentar do Brasil, mostrando como existe uma sinergia entre as artes, incluindo a gastronomia.
O que mais vem por aí?
Continuo desenvolvendo projetos de cultura alimentar, compreendendo e unindo todas as expressões culturais com foco nos fazeres e saberes da alimentação.
E do seu trabalho como curador de eventos de gastronomia e arte?
Há prevista uma exposição para o segundo semestre de 2018, inédita no tema, e a continuidade de outros projetos, como o Fru.to.
Gastronomia é arte?
Compreendo que gastronomia é uma expressão cultural. Por intermédio dos fazeres e saberes da alimentação expressamos uma história, uma identidade e, portanto, uma cultura única e particular de cada povo.
Qual seu alimento/prato preferido?
Sou do básico: arroz, feijão, bife e salada.
Saiba mais:
Projeto Fru.to – Diálogos do Alimento
Casos de sucesso de empreendedorismo brasileiro no exterior