#BeDetermined: a fórmula do sucesso nas mãos de Sônia Hess, executiva da Dudalina
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Vencer o medo de dar o primeiro passo. Ir além do que se espera de você, acreditar, de verdade, que um negócio pode e vai dar certo. Isso é determinação, um dos atributos trabalhados na campanha *Be Brasil, da Apex-Brasil. Sônia Hess aprendeu desde cedo o significado desta palavra. Foi com essa garra que ele saiu de uma cidade do interior para se tornar a dona de uma das maiores confecções do país.
Quando criança, viu sua mãe trabalhando de sol a sol na venda de camisas, em Doutor Pedrinho, cidade do interior de Santa Catarina. Sônia é a sexta filha da prole de seu Duda e dona Lina. Para sustentar os vinte filhos, o casal mantinha em Luís Alves uma venda de secos e molhados, no andar de baixo da casa em que moravam.
Em uma de suas idas a São Paulo, seu Duda acabou comprando muito mais do que deveria de um tecido. Na época seria um prejuízo, já que as coisas não eram tão fáceis e acessíveis como hoje em dia. O espírito empreendedor da matriarca, então, tomou as rédeas da situação. Ela descosturou uma camisa que tinha na venda, entendeu como a peça era feita, contratou duas costureiras (que passaram a trabalhar no quarto dos meninos) e, naquela tarde, fizeram três peças. Colocadas nas prateleiras da loja, tiveram uma saída rápida.
Foi assim que em 3 maio de 1957, nasceu a Dudalina, da cidade catarinense de Luís Alves, a família migrou para Blumenau e uma nova loja foi aberta. “Naquela época, não tinha muito o que fazer. Então minha mãe dava tarefas para os filhos: estudar, trabalhar e cuidar dos irmãos”, comenta Sônia. E assim, por “não ter o que fazer”, que Sônia tomou gosto pelo negócio, cresceu e quis alçar voo. Foi à Espanha conhecer uma certa tecnologia têxtil que o irmão havia comprado. De lá, voltou com uma proposta para ensinar o que havia aprendido em uma empresa de Montes Claros, em Minas Gerais.
Sônia passou por algumas dificuldades, mas não desistiu e resolveu se mudar para São Paulo. Na época, a Dudalina estava com 26 anos de existência e tinha tomado novos rumos, fornecia camisas para grandes clientes, como a Sears, lojas Pernambucanas e C&A. A empresa iniciava um novo desafio: conquistar o mercado de São Paulo. Essa era a chance de Sônia de voltar à empresa. E a pedido de um dos irmãos, voltou e estruturou a nova área comercial. Trabalhou com tudo: marketing, desenvolvimento de produto, desenvolvimento de matéria-prima, vendas e o que mais aparecesse.
Mas a obstinação que aprendeu com a mãe (Dona Lina faleceu em 2008) faz parte da personalidade de Sônia: riscos sempre foram vistos como oportunidades, e a força e o empreendedorismo estão em seu DNA. Assim, a empresa que tinha como foco absoluto o mercado de roupas masculinas resolveu dar um passo adiante e conquistar o público feminino. Na verdade, um salto que exigiria uma reestruturação de conceitos completa: nova missão, nova visão de negócios, novas estratégias. Sônia não se intimidou e, para conquistar e encantar a nova clientela criou um espaço onde “as pessoas sentissem tudo que é a magia da Dudalina”. A loja foi o embrião para outras lojas e, em 2010, a empresa – que já tinha mais de três mil canais de venda – entrou para o varejo com a coleção de camisas para mulheres.
A família Dudalina cresceu e atualmente tem mais de 2.500 colaboradores (70% de força feminina) trabalhando na construção do grande sonho. A empresa cresce, em média, 30% ao ano e, em três anos, 1/3 do faturamento já é referente à coleção feminina. O lado criativo e cuidadoso da mulher também se refletiu na produção: mais de 1.500 modelos de camisas para mulheres e outros 1.500 modelos de camisas para homens. Além de peças desenhadas para outras coleções.
Internacionalização
A vontade de entrar no mercado americano sempre esteve presente, mas a Dudalina começou conquistando o mundo por Milão, na Itália. Depois voou para América Central, no Panamá, onde a Dudalina feminina estreou no sistema de franquia. “É uma experiência interessante ir para o exterior, é outro mercado, outro comportamento, outro timing, então, o importante nesse processo é aprender a respeitar essas diferenças e entender como tudo isso vai funcionar para o produto”, comenta Sônia. O primeiro showroom da Dudalina fora do Brasil ocorreu em outubro de 2012 em Milão, considerada uma das capitais da indústria da moda. A aterrisagem em terras europeias aconteceu em parceria com o empresário Gianni Asnaghu, da marca italiana de gravatas AD56. A Dudalina também inaugurou um espaço shop-in-shop (quando a loja é abrigada dentro de outra loja) na Via Fatebenefratelli, no centro da cidade.
“A gente está aprendendo muito, porque internacionalizar uma marca brasileira não é uma coisa tão simples. Tem um custo alto, mas ao mesmo tempo, você pode fazer isso tudo de uma forma simples, devagar e quando tiver certeza de que elas podem ser feitas”, pondera Sônia. Determinada, diz já ter planos para abrir outras lojas: Reino Unido, Austrália, Áustria e Rússia são os mercados pretendidos. “Temos a segurança de que nós temos esse produto diferenciado, com qualidade. Cuidamos de cada item e detalhe, e tudo é fabricado por mãos brasileiras”, completa.
Nessa semana, a Dudalina inaugurou mais duas operações internacionais: Malásia e Cazaquistão, que são as 13ª e 14ª respectivamente. O objetivo com estas operações, é buscar parceiros que tenham o espírito da Dudalina, de suas marcas e que sejam mercados influenciadores na região,
que é o caso da Malásia – vai focar nas atuações no Sul Asiático e do Cazaquistão, influenciando todas as operações do leste Europeu e no Norte da Ásia.
O poder feminino
Encantar, inovar, ter qualidade com preços competitivos e utilizar as melhores tecnologias. Talvez sejam esses os ingredientes principais da receita de sucesso da empresa que Sônia não considera mais familiar. “Quando você tem tanta gente trabalhando pelo mesmo objetivo, a empresa passa a ser de uma sociedade, de uma comunidade, com um código de ética e uma série de regras que você tem que seguir. Eu sou uma executiva contratada, se eu não der resultado, estou fora. A Dudalina tem uma governança muito bem estruturada”, fala relembrando um dos valores que a mãe deixou.
É difícil, como mulher, trabalhar nesse meio? “Sempre me perguntam se ser mulher atrapalha. Eu acho que não. Eu acho que não depende do gênero, depende da alma, depende do que você é. Essa alma empreendedora veio da minha mãe. Ela foi uma grande obstinada a vida inteira. Teve 16 filhos, educou, todos são muito trabalhadores, mas ela foi empreendedora. A minha mãe é a minha grande inspiração e meu pai era meu grande amor”. Uma vez, em entrevista, perguntaram à Sônia qual o sonho que ainda quer e vai realizar. A resposta foi certeira: “Quero deixar um grande legado, uma grande história da Dudalina. Esse é o meu sonho, perenizar a empresa e o nome dos meus pais”.
E é assim que a menina que um dia foi chamada na escola de “colona de Luís Alves” – um termo que se refere ao caipira, mas em tom pejorativo – conseguiu construir um caminho de muito trabalho, persistência e otimismo em relação aos sonhos e aos riscos calculados. Essa menina, hoje, é a Sônia Hess, presidente da maior camisaria da América Latina, executiva reconhecida no Brasil e no mundo e que valoriza o simples até quando precisa explicar a sua trajetória:
Texto adaptado da versão originalmente publicada em 17 de maio de 2014.
*Be Brasil é uma campanha da Apex-Brasil que posiciona Brasil como um parceiro de negócios estratégico e confiável no comércio exterior. Clique aqui e saiba mais sobre o Be Brasil.