Efeitos comerciais



Efeitos comerciais

Análise concluída em 19 de março de 2020

Exportações brasileiras para a China

  • Na China, especialmente na província de Hubei, houve aumento na demanda por alimentos e papeis sanitários (como máscaras), principalmente por canais eletrônicos, após a eclosão do surto, segundo a Fitch Solutions.
  • Do mesmo modo, em regiões chinesas com forte restrição de movimento, houve redução no consumo de eletrônicos e vestimentas, mesmo por canais eletrônicos, de acordo com a Fitch Solutions.
  • No primeiro bimestre do ano, as exportações brasileiras com destino à China cresceram 2,4% (ou US$ 192,2 milhões) frente ao acumulado janeiro-fevereiro de 2019, segundo o ComexStat/ME.
  • O crescimento das exportações brasileiras à China no primeiro bimestre de 2020 (frente a janeiro e fevereiro de 2019) se concentrou em Alimentos e Bebidas (112,2% ou US$ 511,1 milhões), Indústria Extrativa Mineral (10,8% ou US$ 201,3 milhões) e Petróleo e Derivados e Outros Combustíveis (9% ou US$ 190,8 milhões de avanço), segundo o ComexStat/ME.
  • As exportações de Celulose, Papel e Impressão (-7,1% ou US$ 38 milhões) e Produtos Agropecuários (-31,9% ou 776,1 milhões), contudo, caíram no primeiro bimestre de 2020 frente ao mesmo período de 2019, segundo o ComexStat/ME. Essas reduções não foram necessariamente resultado exclusivo do surto de COVID-19: fatores como o Acordo Comercial China-Estados Unidos e a variação nos preços das commodities podem ter impactado as vendas no período.
  • A província de Hubei, principal afetada pelo surto de infecções pelo novo Coronavírus, é um destino pouco expressivo para as exportações brasileiras diretas. Em 2019, a província recebeu 0,6% das exportações brasileiras para a China e cerca de 0,2% das vendas globais do país.
  • As quatro províncias com maior número de casos após Hubei (Guangdong, Henan, Zhejiang e Hunan), por sua vez, são destino de 13,3% das exportações brasileiras para a China e 4,7% das exportações globais. As vendas para essas regiões, especialmente para Zhejiang e Guangdong, totalizaram US$ 10,6 bilhões em 2019, valor superior às exportações para a Argentina no ano (US$ 9,8 bilhões).
  • Em 2019, estas cinco províncias chinesas foram destinos especialmente importantes para a Indústria Extrativa Mineral (16% das exportações brasileiras ao mundo tem como destino as cinco províncias) e para o complexo Celulose, Papel e Impressão (destino de cerca de 10% das exportações do Brasil), segundo o Trade Data Monitor.
  • As exportações brasileiras à China são caracterizadas por sazonalidade: em 2019, 22,5% das vendas ao país aconteceram no primeiro trimestre, contra 27% ocorrendo entre outubro e dezembro, segundo o Trade Data Monitor.

Importações com origem na China

  • Entre janeiro e fevereiro, as importações brasileiras da China totalizaram US$ 7,4 bilhões, 3,6% menores que no primeiro bimestre de 2019, segundo o ComexStat/ME.
  • A principal queda de importações no primeiro bimestre aconteceu no complexo Produtos Químicos, em que as compras brasileiras da China caíram 18,1% (US$ 146,8 milhões) frente a 2019, segundo o ComexStat/ME.
  • Além de Produtos Químicos, no primeiro bimestre de 2020, houve queda nas importações brasileiras de produtos de Moda, Higiene Pessoal e Cosméticos (-11,1% ou US$ 80,9 milhões), Equipamentos de Transporte (-8,4% ou US$ 197,8 milhões), Metalurgia e Produtos de Metal (-8,4% ou US$ 37,1 milhões) e Equipamentos de Informática, Eletrônicos e Ópticos (-4,8% ou US$ 63,4 milhões) frente ao primeiro bimestre de 2019, de acordo com o ComexStat/ME.
  • Em outro sentido, no primeiro bimestre do ano cresceram as compras de máquinas e equipamentos chineses no Brasil, em 21,7% (US$ 272,6 milhões de avanço) em relação ao primeiro bimestre de 2019, segundo o ComexStat/ME.
  • A província de Hubei (epicentro inicial do surto de COVID-19) é um importante fornecedor para o mercado brasileiro, sendo origem de 4% das importações brasileiras com origem na China em 2019, segundo o Trade Data Monitor.
  • As províncias de Guangdong, Zhejiang, Henan e Hunan (todas com mais de mil casos da COVID-19), juntas, foram origem relevante das importações brasileiras com origem na China. Juntas, representaram de 42% das exportações chinesas ao Brasil em 2019, segundo o Trade Data Monitor.
  • As cinco províncias chinesas mais afetadas pelo novo Coronavírus (Hubei, Guangdong, Zhejiang, Henan e Hunan) são origem especialmente importante para os complexos Madeira, Móveis e Outras Manufaturas (48% do total importado pelo Brasil do mundo), Moda, Higiene Pessoal e Cosméticos (38%), Minerais Não-Metálicos (19%), Equipamentos de Informática, Produtos Eletrônicos e Ópticos e Instrumentos de Precisão (19%), Máquinas e Equipamentos (18%), Produtos da Indústria Criativa (12%) e Celulose e Papéis (11%), segundo o Trade Data Monitor e o ComexStat/ME.

Exportações brasileiras para os Estados Unidos

  • Os Estados Unidos são o segundo principal destino das exportações brasileiras no mundo, com 13,2% do total exportado pelo Brasil em 2019.
  • O setor brasileiro com maior valor de exportações destinadas aos EUA foi o de “Petróleo e Derivados, Coque, Gás Natural, Biocombustíveis e Eletricidade”, que em 2019 vendeu ao país US$ 5,63 bilhões (18,9% do total da pauta de exportação para os EUA). Em seguida, o segundo setor com maior valor em vendas para os EUA foi o de “Metalurgia e Produtos de Metal (exceto Máquinas e Equipamentos)”, com US$ 4,95 bilhões (16,7% do total da pauta de exportação para os EUA).

Importações com origem nos Estados Unidos

  • Os Estados Unidos são o segundo maior parceiro comercial do Brasil. Em 2019, o país foi fonte de 17% das importações brasileiras.
  • O setor brasileiro com maior valor de importação proveniente dos Estados Unidos, e também o mais dependente desse mercado, foi o de “Petróleo e Derivados, Coque, Gás Natural, Biocombustíveis e Eletricidade”, que em 2019 importou do país norte-americano US$ 12,02 bilhões (40% do total das importações brasileiras provenientes dos EUA). Em segundo lugar está o complexo de “Produtos Químicos”, que importou do país US$ 5,37 bilhões (17,9% do total das importações brasileiras provenientes dos EUA).
  • O setor mais dependente dos Estados Unidos foi o de “Produtos da Indústria Criativa”, que contou com o país para garantir 25,3% (US$ 39,4 milhões) das suas importações.

Exportações brasileiras para a Europa

  • Itália, Espanha, Alemanha, França, Suíça, Países Baixos, Reino Unido, Noruega, Bélgica, Áustria, Suécia e Dinamarca são os 12 países europeus que já apresentavam mais de mil casos de Coronavírus até o dia 19 de março. Em 2019, esses 12 países foram destino de 15,1% do total das exportações brasileiras.
  • O complexo econômico que mais exportou para esses países foi o de “Alimentos e Bebidas”, que destinou 20,8% das vendas, ou US$ 6,4 bilhões, para os 12 mercados. De forma similar, o complexo “Produtos Agropecuários” brasileiro destinou 11,6% de suas exportações para esses países, ou US$ 5,4 bilhões.

Países Baixos

  • Os Países Baixos são o principal destino das exportações brasileiras no continente europeu, com 4,5% do total exportado pelo Brasil em 2019.
  • O setor brasileiro com maior valor de exportações destinadas aos Países Baixos foi o de “Alimentos e Bebidas”, que em 2019 vendeu a esse mercado US$ 2,25 bilhões (22,3% do total da pauta de exportação brasileira para os Países Baixos).

Alemanha

  • A Alemanha é o segundo principal destino das exportações brasileiras no continente europeu, com 2,1% do total exportado pelo Brasil em 2019.
  • O setor brasileiro com maior valor de exportações destinadas à Alemanha foi o de “Produtos Agropecuários”, que em 2019 vendeu a esse mercado US$ 909,63 milhões (19,2% do total da pauta de exportação brasileira para a Alemanha).   

Espanha

  • A Espanha é o terceiro principal destino das exportações brasileiras no continente europeu, com 1,8% do total exportado pelo Brasil em 2019.
  • O setor brasileiro com maior valor de exportações destinadas à Espanha foi o de “Produtos Agropecuários”, que em 2019 vendeu a esse mercado US$ 1,41 bilhão (35,1% do total da pauta de exportação brasileira para a Espanha).

Bélgica

  • A Bélgica é o quarto principal destino das exportações brasileiras no continente europeu, com 1,4% do total exportado pelo Brasil em 2019.
  • O setor brasileiro com maior valor de exportações destinadas à Bélgica foi o de “Alimentos e Bebidas”, que em 2019 vendeu ao país US$ 921,2 milhões (28,8% do total da pauta de exportação brasileira para a Bélgica).

Importações com origem na Europa

  • Itália, Espanha, Alemanha, França, Suíça, Países Baixos, Reino Unido, Noruega, Bélgica, Áustria, Suécia e Dinamarca são os 12 países europeus que já apresentavam mais de mil casos de Coronavírus até o dia 19 de março. Em 2019, esses 12 países forneceram 18,4% (US$ 32,7 bilhões) do total das importações brasileiras.
  • A queda na produção europeia pode impactar setores como “Máquinas e Equipamentos, Aparelhos e Materiais Elétricos”, em que 25,7% (US$ 6,5 bilhões) do total importado são provenientes desses 12 mercados.
  • Para “Produtos Químicos”, a participação desses países europeus nas compras brasileiras chega a 22% (US$ 6,5 bilhões) e para “Equipamentos de Transporte”, a 16,8% (US$ 3,5 bilhões).
  • O complexo mais dependente desses países europeus para suas importações é o de “Produtos Farmoquímicos e Farmacêuticos”, em que 55,9% (US$ 4,5 bilhões) das importações foram provenientes desses mercados, em 2019. A Alemanha foi fonte de 16,8%; a Suíça, de 9,5%; e a Itália, de 6,7%.

Alemanha

  • A Alemanha é o principal fornecedor brasileiro no continente europeu, com 5,8% do total importado pelo Brasil em 2019. O setor brasileiro com maior valor de importação proveniente da Alemanha foi o de “Máquinas e Equipamentos, Aparelhos e Materiais Elétricos”, que em 2019 importou desse país europeu US$ 2,36 bilhões (23% do total das importações brasileiras provenientes da Alemanha). O segundo setor mais dependente da Alemanha, depois de “Produtos Farmoquímicos e Farmacêuticos”, foi o de “Celulose, Papel e Impressão”, que contou com o país para garantir 10,8% (US$ 108,3 milhões) das importações.

Itália

  • A Itália é o segundo principal fornecedor brasileiro no continente europeu, com 2,3% do total importado pelo Brasil em 2019. O setor brasileiro com maior valor de importação proveniente da Itália foi o de “Máquinas e Equipamentos, Aparelhos e Materiais Elétricos”, que em 2019 importou do país US$ 1,3 bilhão (31,5% do total das importações brasileiras provenientes da Itália).

França

  • A França é o terceiro principal fornecedor brasileiro no continente europeu, com 2% do total importado pelo Brasil em 2019. O setor brasileiro com maior valor de importação proveniente da França foi o de “Produtos Químicos”, que em 2019 importou do país US$ 872,2 milhões (25,1% do total das importações brasileiras provenientes da França). O setor mais dependente da França foi o de “Produtos Farmoquímicos e Farmacêuticos”, que contou com o país para garantir 4,5% (US$ 363,7 milhões) das importações.

Espanha

  • A Espanha é o quarto principal fornecedor brasileiro no continente europeu, com 1,6% do total importado pelo Brasil em 2019. O setor brasileiro com maior valor de importação proveniente da Espanha foi o de “Produtos Químicos”, que em 2019 importou do país US$ 677,93 milhões (24% do total das importações brasileiras provenientes da Espanha).

Preços de commodities

  • O choque de demanda global causado pela COVID-19 impactou valores de commodities no Brasil e no mundo. No dia 16 de março, a soja em grãos atingiu o menor valor em dólares, desde 2007, no Porto de Paranaguá: US$ 18,53 por saca.
  • O petróleo também perdeu valor. Reduções em viagens aéreas, locomoção urbana e produção industrial reduziram a demanda global por combustíveis. Soma-se a isso o atual conflito comercial entre Rússia e Arábia Saudita, grandes países produtores.
  • Para minério de ferro, os valores no porto de Qingdao seguem cerca de 1,4% inferiores àqueles do início do ano. De todo modo, desde 01 de março o valor da mercadoria tem reagido, crescendo 8,2% até o dia 16 do mês.
  • Para carne bovina, não há grande redução em preços pagos ao longo da cadeia. O preço do boi gordo, por exemplo, está cerca de 6% superior aos de março de 2019. A baixa disponibilidade de proteína no mercado mundial – ainda resultante do surto de Peste Suína Africana – impacta preços globais.
  • A redução de preços globais em dólares não tem efeitos diretamente proporcionais a seu impacto sobre empresários brasileiros. No caso de soja, por exemplo, mesmo com queda dos valores em dólar, os valores em Real seguem atingido recordes em Paranaguá.
  • Ainda não estão claros impactos do valor de insumos sobre custos de produção das commodities citadas.

Tem dúvidas sobre quais produtos compõem os complexos e setores da economia? Confira aqui a lista completa elaborada pela Apex-Brasil com base em tradutores do Ministério da Economia.