Mauá: inovador, competitivo e determinado já no século XIX


Semana em Revista
Mauá: inovador, competitivo e determinado já no século XIX

O Apex-Brasil indica de hoje traz uma dica que, além de ser útil aos nossos leitores, também é um dos mais importantes relatos já escritos sobre o Brasil, sua história e economia. Trata-se de “Visconde de Mauá, o empresário do Império”, de Jorge Caldeira.

A sugestão parte do analista da Coordenação de Planejamento e Inteligência Estratégica da Apex-Brasil Cesar Ciuffo. Foi com entusiasmo que Cesar contou sobre essa publicação que narra a vida de Irineu Evangelista de Sousa, o Visconde de Mauá, gaúcho que chegou sozinho ao Rio de Janeiro aos nove anos de idade, órfão de pai, com pouco dinheiro e que se tornou um dos homens mais ricos do seu tempo.

Mais do que uma biografia, o livro de Jorge Caldeira conta os meandros da formação da nação brasileira, cobrindo o período que vai da independência do Brasil até a proclamação da República. É nesse espaço de tempo que Mauá sai do cargo de caixeiro – o sujeito que anota a entrada de saída de mercadorias em um armazém – para se tornar o primeiro grande industrial do país, criador do maior estaleiro nacional, da primeira estrada de ferro e do primeiro banco a operar em grande escala no Brasil.

O que chamou atenção de Cesar nessa figura foi o caráter empreendedor e inovador do empresário. “Mauá é o exemplo acabado do empreendedorismo, porque ser empreendedor é, acima de tudo, enfrentar as adversidades para realizar um sonho, e ninguém fez isso melhor que Mauá”, explica. “Trata-se de um homem que investiu e arriscou em um tempo em que as comunicações eram precárias, as distâncias intransponíveis e a globalização era um termo que sequer existia”, conta. 

Para o analista, termos que hoje são ensinados em workshops ou vendidos como novidade no mundo coorporativo são percebidos com clareza no estilo do Visconde. “Enquanto hoje falamos de inovação e cultura exportadora, Mauá, no século XIX, já pensava fora da caixinha ao empregar trabalhadores assalariados em um país escravocrata, e expandir seus negócios para outros países, como fez com o Banco Mauá, MacGregor & Cia ao abrir filiais em Londres, Nova Iorque, Buenos Aires e Montevidéu”, analisa.

Cesar diz que o texto de Caldeira se torna obrigatório para qualquer empresário. “É comum ouvirmos muitas lamúrias quando falamos em exportação, internacionalização e ajustes das empresas às exigências do mercado. O exemplo de Mauá atravessa o tempo e nos mostra que nem a força de banqueiros internacionais, políticos poderosos e uma elite cultura resistente ao novo, como era o Brasil do século retrasado, são capazes de vencer o espírito de um empreendedor honesto, trabalhador e patriota”.