EVENTO DISCUTE OPORTUNIDADES DE INVESTIMENTO SUSTENTÁVEL NO BRASIL
As oportunidades para investimentos no Brasil trazidas a partir dos compromissos assumidos pelo país na agenda global de combate às mudanças climáticas e à redução de emissão de carbono foram tema de painel realizado ontem (29/5) durante o Brasil Investment Forum (BIF), em São Paulo.
O debate contou com a participação do ministro do Meio Ambiente, Edson Duarte, do presidente da Apex-Brasil, Roberto Jaguaribe, da presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CBEDS), Marina Grossi, da presidente da Ibá (Indústria Brasileira de Árvores), Elizabeth de Carvalhaes e do presidente da Sociedade Rural Brasileira, Marcelo Vieira.
O ministro Edson Duarte destacou características que favorecem a sustentabilidade no Brasil, como o clima, a biodiversidade e os recursos hídricos, além da matriz energética limpa e o fato de o país ter reduzido as suas emissões de gases de efeito estufa em quase 40% na última década. “Esse patrimônio é a garantia para a construção de um futuro mais sustentável e faz do Brasil um mercado altamente competitivo. Poucos países no mundo apresentam tão significativo potencial para a economia de baixo carbono e para a produção compatível com a conservação”, observou.
Duarte afirmou que as ações para atingimento das metas do Acordo de Paris – as Contribuições Nacionalmente Determinadas ou NDCs na sigla em inglês – e dos Objetivos de Desenvolvimentos Sustentáveis (ODS) da Agenda 2030 vêm sendo priorizadas pelo governo. Ele citou iniciativas como a Política Nacional de Resíduos Sólidos, o Renovabio (voltado ao estímulo a combustíveis renováveis), o plano ABC (Agricultura de Baixo Carbono), o Cadastro Ambiental Rural (CAR), entre outros projetos. O ministro também destacou a importância das ações que vêm sendo tomadas para combater o desmatamento ilegal na Amazônia.
O presidente da Apex-Brasil, Roberto Jaguaribe, ressaltou em sua fala o trabalho da Agência para promoção da imagem do Brasil, em que o tema da sustentabilidade é um dos motes principais das campanhas desenvolvidas nacional e internacionalmente. “O Brasil tem um dos compromissos nacionais mais ambiciosos do mundo e isso cria uma gama de oportunidades de investimentos em todos os setores de atividade, como energia, florestas, agropecuária, o setor industrial e o de transporte”, comentou.
Jaguaribe também chamou atenção para a relevância da questão dos green bonds, ou créditos verdes, que foram lançados apenas em 2007 e, em 2016, já atingiam uma estimativa de movimentação de 120 bilhões de dólares anuais. “Essas questões vão receber cada vez mais atenção do mercado. Vejo cada vez mais o mercado abrindo espaço para financiar apenas projetos que tenham um selo verde, ou seja, um impacto ambiental positivo”, afirmou. Ele anunciou que a Apex-Brasil realizará um evento sobre o tema na China, em setembro, já que o país é um dos maiores poluidores e, por outro lado, dos mais interessados em mitigar suas emissões.
Marina Grossi, do CBEDS, expressou opinião semelhante sobre as oportunidades que se abrem para o Brasil: “O país tem uma vantagem muito grande nessa nova geopolítica em que há, pela primeira vez, um arcabouço global na questão da economia de baixo carbono e da mudança climática, sem a divisão tradicional entre países desenvolvidos e países em desenvolvimento”. Segundo Marina, por outro lado, o perfil de redução de emissões do Brasil é diferente daquele dos países desenvolvidos, já que é, em grande medida, proveniente da redução do desmatamento. “O Brasil está já está em quinto lugar no melhor desempenho em crescimento limpo, que é quando se faz a relação entre o crescimento do PIB e a diminuição das emissões”, afirmou.
Elizabeth Carvalhaes, do Ibá, destacou que jamais o planeta necessitou tanto da plantação de árvores como neste século. Segundo ela, as estimativas são de que, até 2040, para uma população de 9,3 bilhões de pessoas, será preciso plantar 250 milhões de hectares adicionais de florestas. “O grande desafio aí é o que fazer para atrair investimentos para isso, de forma que o planeta consiga chegar nesta equação que está posta”. Carvalhaes também ressaltou a importância deste momento de nova organização global em torno de uma única agenda ambiental. “E o Brasil tem tudo para desfrutar dessa agenda e se tornar uma plataforma aberta para receber investimentos de todas as nações que não têm condições de mitigar seus impactos climáticos dentro de seus limites geográficos”, completou.
A importância do agronegócio na agenda global de sustentabilidade também foi debatida no painel. Para Marcelo Vieira, da SRB, o agronegócio tem sido um dos principais vetores da redução das emissões no Brasil, a partir da adequação ao Código Florestal, que é uma das legislações mais exigentes do planeta, além do trabalho de restauração de pastagens e implementação de sistemas como a Integração Lavoura Pecuária Floresta (ILPF). “O nosso agronegócio, que já é um dos mais limpos do planeta deve seguir a tendência de expansão muito forte da produção na área já atualmente ocupada, a partir de ganhos de eficiência”, declarou.
Investimento para pesquisa em energia renovável
Ontem (29/5), durante o BIF, a Apex-Brasil assinou com a Engie Brasil um acordo para instalação do Engie Lab, centro global de pesquisa e inovação do grupo em Florianópolis (SC). O centro vai se dedicar, no início, a projetos de novas tecnologias nas áreas de energias eólica e solar, Cidades Inteligentes, biogás e hidrogênio. A unidade estará concluída no final do segundo semestre deste ano. Mais informações, clique aqui.
O BIF
O Brasil Investment Fórum ocorre nos dias 29 e 30 de maio em SP e reúne cerca de duas mil pessoas, entre investidores estrangeiros de 65 países, empresários e autoridades brasileiras para debates sobre oportunidades de investimento no Brasil. O evento é organizado pelo segundo ano consecutivo pela Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Governo Federal.
Durante os dois dias de evento, serão destacadas as oportunidades de investimento em setores estratégicos da economia brasileira, como infraestrutura, agronegócios, construção, tecnologia e inovação.
O Fórum foi inaugurado pelo Presidente da República Federativa do Brasil, Michel Temer, e pelo Presidente do BID, Luis Alberto Moreno, além de outras autoridades.
Além dos debates em alto nível, o evento proporciona uma oportunidade única para reservar reuniões com autoridades de alto nível dos Ministérios Brasileiros e Estados Federais, agências reguladoras e outras instituições governamentais.
Para conferir a agenda e saber mais informações sobre o Fórum de Investimentos Brasil 2018, clique aqui.
