EMPRESAS ALEMÃS CONHECEM STARTUPS BRASILEIRAS EM FEIRA EM BERLIM
Berlim (15 de maio) – Representantes de grandes companhias globais, como Bayer, Deutsche Bank, Deutsche Telekom, Volkswagen e Airbus conheceram as soluções de 15 startups brasileiras durante a Cube Tech Fair, em Berlim (Alemanha). A feira de tecnologia e empreendedorismo faz parte da agenda da missão de internacionalização do programa StartOut Brasil. O grupo brasileiro é formado por empresas de diferentes setores como inteligência artificial, otimização industrial (indústria 4.0), biotecnologia, logística e criptomoeda.
Os empreendedores da startup BirminD, de otimização industrial, conversaram com representantes da Bayer, do setor farmacêutico, e da Cargill, de processamento de alimentos. Nessa semana, os empreendedores visitam uma unidade de inovação da Volkswagen, em Dresden, e do T-Mobile, da empresa de telecomunicação Deutsche Telekom.
“Nosso encontro com a Bayer foi muito interessante. Eles nos convidaram para participar de uma planta conceito deles na Itália. E com a Cargill vamos fazer uma prova de conceito no Brasil que deve resultar num investimento”, contou Christian Pensa, chefe de estratégia da startup.
A startup Pipefy foi uma das doze selecionadas pelos organizadores da Cube Tech Fair para apresentar seu negócio ao público da feira e a um júri composto por três líderes europeus do setor de inovação (Mike Butcher, do site TechCrunch, Raph Crouan, da aceleradora Startupbootcamp e Dominik Krabbe, da organização educacional EIT Digital). A apresentação da brasileira impressionou o grupo. A startup desenvolveu uma ferramenta para gestão de processos que dá ao usuário final a capacidade de customizar a solução da maneira que melhor lhe atenda, por meio de uma interface amigável e sem necessidade de programação.
Já a startup Mercado Bitcoin participou durante o evento de um bate papo sobre blockchain com Felix Mago, responsável pela por Blockchain e inovação no Blocktech Institute e na QuadriO Consulting. O Mercado Bitcoin é a maior plataforma de venda de criptomoedas do Brasil e da América Latina em número de usuários – tem mais de um milhão de clientes.
Marcos Valadares, CEO da startup PluriCell Biotecnologia, ressaltou a importância da feira para interação com players de calibre internacional e possíveis investidores. “Entre outras conversas relevantes, destaco a interação com a Bayer, que já tem investido capital relevante no tipo de tecnologia que nós oferecemos, relacionada ao desenvolvimento de terapias celulares para problemas cardíacos”.
A startup VM9 também comemora a participação no programa Startout Brasil. A empresa oferece soluções para cidades inteligentes, para monitoramento e gerenciamento de vários sistemas, como medição de energia, qualidade de água, transporte público, entre outros. A partir da sua participação na Missão a Berlim, agendou reuniões com a principal empresa de transporte público da Alemanha, a Deustsche Ban. “O programa Startout agregou muito para nossa empresa, ao nos trazer uma nova visão do mercado europeu e nos ajudar na preparação”, comenta Ronald Souza, CEO da empresa.
Além disso, Filipe Cassapo, da ANPEI (Asssociação Nacional de Apoio à Pesquisa e Inovação), apresentou ao público da feira o sistema brasileiro de inovação e o programa StartOut.
Inovação
O secretário de Inovação da cidade de Berlim, Christian Rickerts, esteve na Cube Tech Fai e visitou os estandes das empresas brasileiras. “O secretário queria saber quais as principais dificuldades as startups brasileiras enfrentam para chegar no mercado alemão. Acesso a mercado e a informações qualificadas e o processo de softlanding, que é a efetiva implantação das empresas aqui, são questões em que eles podem nos ajudar. Ele se colocou à nossa disposição”, explicou Juarez Leal, coordenador de internacionalização da Apex-Brasil.
Segundo Leal, o governo alemão estuda a possibilidade de criar um visto especial para empreendedores. A ideia é facilitar a entrada de startups internacionais no país.
O CEO da Bayer, Daniel Hartet, também se encontrou com o coordenador de internacionalização da Apex-Brasil. “É ótimo ter vocês aqui. Nós, da Bayer e de outras grandes corporações, sabemos que o Brasil tem desenvolvido tecnologias inovadoras, mas, recebê-los aqui em Berlim nos ajudará a fazer conexões e parcerias de sucesso”, disse Hartet.
Para o embaixador do Brasil na Alemanha, Mário Vilalva, a Missão está sendo realizada no lugar certo, já que há um grande interesse e um forte relacionamento entre os dois países. “Vejo que o Brasil está na vanguarda na busca e encontro de soluções para os problemas da economia mundial. Acho que o mercado alemão receberá muito bem as startups brasileiras”, afirmou. “Minha recomendação para as empresas é que seria importante operar em duas frentes: ter alguma presença aqui, para que elas comecem a se aproximar e a se expor mais no mercado alemão, mas também trabalhar no Brasil junto a empresas alemãs que estão lá, o que as credenciará para trabalhar com outras companhias”.
Agenda
Na quarta os empreendedores participam do segundo dia da Cube Tech Fair. As empresas também terão reuniões com potenciais parceiros. Na quinta (17/5), haverá uma visita a Betahaus Berlin, escritório compartilhado para empresas, que tem mais de 500 membros e uma sessão de pitch (apresentação dos projetos) para a comunidade de inovação na Alemanha (aceleradores, incubadores, investidores, startups alemãs, profissionais da academia, entre outros). Na sexta-feira (18/5) a visita será ao espaço de inovação Factory.
Seminário sobre mercado alemão
O mercado da Alemanha está aberto às startups brasileiras. Essa é a avaliação do vice-diretor geral do Ministério para Economia e Energia da Alemanha (BMWi, na sigla em alemão), Andreas Gordele. Ele conversou, na segunda-feira (14/5), com empreendedores brasileiros na Embaixada do Brasil em Berlim. O evento faz parte da agenda do StartOut Brasil, que promove nesta semana um ciclo de imersão com startups brasileiras na capital da Alemanha.
Como explicou Gordele, o governo alemão desenvolveu ações específicas para fomentar o desenvolvimento das startups. Os incentivos valem para empresas estrangeiras que se instalam no país.
“Temos uma longa tradição com indústrias. Agora, com o conceito de indústria 4.0, queremos desenvolver novos modelos de negócios e novas soluções para o mercado. Para isso, integramos startups, pequenas empresas, investidores e grandes corporações no projeto De Hub – Digital Ecosystems ”, disse.
Quem detalhou essa iniciativa foi Josefina Nungesser, da Agência alemã de Comércio e Investimentos (GTAI). De acordo com ela, os Digital Hub são espaços em que diferentes atores, que têm interesse em temas tecnológicos, se reúnem para trocar experiências e informações e trabalhar em projetos comuns.
“Os empreendedores que trabalham em nossos ‘hubs’ têm acesso a parceiros e experts dos setores de negócios e de tecnologia. Todos trabalham conjuntamente para trazer soluções para a indústria. As empresas brasileiras serão bem-vindas”, explicou.
Ainda segundo Nungesser, os 12 escritórios Digital Hub do país trabalham com projetos sobre cybersegurança, cidades inteligentes, finanças e saúde, entre outros temas. Grandes corporações como Lufthansa, Deutsche Bank, Dell, Porsch e Cisco têm parcerias com os polos da iniciativa alemã.
Além do workshop sobre o ecossistema de inovação alemão, os empreendedores participaram de bate-papos sobre adaptação de negócios para a Alemanha; fundos e investimentos; aspectos legais e tributários para abertura de empresas no país; e marketing e recursos humanos. Representantes da agência de investimento de Berlim (Berlin Partner), do banco de investimento da cidade (IBB), do fundo alemão de investimento em startups do setor de tecnologia (HTFG), advogados e consultores participaram do evento.
Berlim
A capital da Alemanha vem se esforçando para se tornar também o principal ecossistema de startups da Europa. Segundo o relatório “Startup Ecosystem Report 2017”, do Startup Genome, hoje é o 2º melhor ecossistema do continente, atrás apenas de Londres.
Berlim tem entre 1.800 e 2.400 startups tecnológicas ativas, sendo, depois do Vale do Silício, a cidade com o maior número de startups estrangeiras. Por isso, a cidade é considerada um dos mais inclusivos e diversificados ecossistemas do mundo, em grande parte devido à sua capacidade de atrair talentos internacionais, com custo de vida relativamente acessível e ambiente amigável para imigrantes.
Na Alemanha há uma grande quantidade de iniciativas para incrementar o fluxo bilateral de tecnologia e inovação por meio do intercâmbio de startups. Uma delas é a da Berlin Partner, instituição público-privada de Berlim que apoia empresas, investidores e institutos de inovação na abertura, inovação e expansão em Berlim por meio de uma rede ativa e de programas de apoio. Há ainda o Adlershof, um dos principais parques tecnológicos da Alemanha e que abriga mais de mil empresas e instituições de pesquisa. Para as startups, o parque oferece desde espaço de co-working a matchmaking de negócios.