INTEGRAÇÃO DE CADEIAS PRODUTIVAS É TEMA DE DEBATE EM FÓRUM
A integração das cadeias produtivas na América do Sul foi o fio condutor das discussões levantadas no encontro promovido pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) durante a programação do V Fórum Empresarial do Mercosul, realizado entre os dias 14 e 15 de julho em Belo Horizonte (MG).
A reunião, sediada na Federação das Indústrias de Minas Gerais (FIEMG), levantou temas fundamentais para desenvolvimento do bloco, como a fragmentação da produção entre os países e o desenvolvimento de uma marca “Mercosul”, como forma de fortalecimento de diferentes setores.
“Nosso objetivo com este encontro foi discutir como as agências de exportações do Mercosul podem desenvolver agendas conjuntas a fim de fomentar o comércio intrabloco e a integração produtiva”, afirma Ana Paula Repezza, Gerente de Estratégia de Mercados da Apex-Brasil.
À mesa, representantes da Argentina, Paraguai e Uruguai foram apresentados à pesquisa inédita do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), sobre o processo de fragmentação da produção e o potencial de complementaridade produtiva na América do Sul. “Vemos que essa fragmentação possibilita maior competitividade, ao levar em consideração as vantagens produtivas de cada país em cada etapa do processo produtivo”, reforçou o pesquisador do IPEA, Flávio Lyrio Carneiro.
Os participantes do encontro reforçaram a importância de aumentar o comércio intrabloco, como parte dessa agenda de integração das cadeias. Segundo apresentado pela Apex-Brasil, o comércio entre os países do bloco se encontra em cerca de 17% do total negociado pelos países participantes, frente a 57,4% das vendas internas da União Europeia (UE) e 34,3% realizada pelo Nafta (Tratado Norte Americano de Livre Comércio).
Mais do que fragmentar o processo, o professor da UFMG Mauro Sayar chama atenção para a necessidade de se incrementar a produtividade industrial no Mercosul. “Setores mais abertos à concorrência internacional tendem a ser mais eficientes e produtivos, aumentando assim a sua competividade doméstica e internacional”, acredita.
Destaque pelo crescimento dos últimos anos e pela estratégia de promover uma integração produtiva no Mercosul como forma de enfrentar a concorrência chinesa, o setor de brinquedos foi representado pelo presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq), Synésio Batista Costa. Com cerca de 700 fábricas no país, o setor movimenta 40 mil empregos diretos, que geram uma renda de cerca de US$ 6 bilhões. O presidente da associação acredita que além da integração das cadeias, o Brasil precisa “investir em uma política industrial que fomente não só o setor, mas outras cadeias produtivas”. Synésio reforça ainda que a criação de uma marca conjunta para o Mercosul promoverá um avanço nas discussões sobre melhoria em diferentes áreas.
Representando a agência do Paraguai – Rediex (Red de Exportaciones y Inversiones) -, Victor Bernal destacou o avanço das discussões realizadas no evento, classificado por ele como “uma integração real e possível. A ideia é que trabalhemos todos juntos”.
O governo de Minas Gerais foi representado pelo Chefe da Assessoria de Assuntos Internacionais, Rodrigo Perpétuo, que na ocasião reafirmou “o compromisso do estado para integração regional das cadeias produtivas. Essa proposta endossada pelo Governo de Minas Gerais se estende ao ponto de vista logístico e da melhoria da competitividade”, disse.
Para a Gerente da Apex-Brasil, Ana Paula Repezza, o encontro serviu de pontapé, sendo que a partir de agora todas as agências irão se esforçar para construção de uma agenda conjunta de trabalho.