NEGÓCIO SÉRIO: O CASE DA SWORDTALES, PRODUTORA DE GAMES



No videogame, celular ou computador, crianças e adultos se divertem com vários tipos de jogos. Mas desenvolver um game para o mercado internacional exige níveis de qualidade altíssimos. Isso quer dizer que, por mais simples que o projeto seja e por mais otimistas que os desenvolvedores de jogos digitais estejam, um bom game design para plataformas móveis não demora menos de seis meses para poder ser concluído e quase dois anos se a plataforma escolhida for PC ou console.

 

Por isso mesmo, a Swordtales, um estúdio independente com sede em Porto Alegre (RS), só tem a comemorar – a empresa fechou uma parceria com a publicadora norte-americana Versus Evil para o lançamento internacional do game Toren. A conquista da empresa gaúcha integrante do Projeto Setorial Brazilian Games Developers (parceria da Agência com a Abragames) é resultado do Projeto Comprador – BIG Festival, realizado em São Paulo, em maio.

 

Toren é um adventure game que conta a história de uma menina que nasce e passa toda sua vida aprisionada em uma antiga torre. Através de mensagens e poemas, ela descobre que precisa subir até o topo desta torre para encontrar sua salvação e descobrir seu verdadeiro propósito. Quanto mais avança em sua jornada, mais rápido ela envelhece e mais perigos precisa enfrentar. "Nosso projeto já ganhou alguns prêmios internacionais como uma menção honrosa no IGF, o maior festival de jogos independentes do mundo", explica Vitor.

 

A estratégia do estúdio Swordtales para o lançamento do Toren no mercado internacional – construída em parceria com a Versus Evil – abrange a realização de uma campanha de divulgação focada na internet, em mídias sociais e em eventos voltados ao público gamer. Além disso, será dada uma atenção especial para a imprensa especializada em vídeo games, considerado o principal canal de divulgação para jogos independentes.

 

"Vamos lançar o jogo nas principais lojas digitais para computador e na PSN, a loja online da Sony Playstation. Estas lojas contam com um público enorme, composto por milhões de clientes ativos ao redor do mundo", explica o produtor do Swordtales, Vitor Leães.

 

Desenvolvendo os jogos digitais

 

Sordtales é voltado para o público mais maduro e acostumado a comprar jogos para computadores e videogames. Segundo Vitor Leães, diferentemente do público casual que consome jogos para smartphones e tablets, o público de jogos para computadores e vídeo games é mais engajado, informado sobre as novas tendências e procura ativamente por novos produtos.

 

"Este público cresceu com jogos e dedica boa parte do seu tempo livre a esta mídia, sendo assim mais exigente e aberto a novas experiências. Nosso objetivo é entregar um produto de alta qualidade para eles", explica Vitor.

 

"Emplacar" um game no mercado internacional exige trabalho de qualidade, paciência e capital de giro, já que o ciclo operacional do produto, até ser lançado em videogame, pode durar dois anos. "É difícil manter o caixa por um período tão longo, o que força a maioria dos estúdios a focarem seus esforços em projetos curtos de jogos educativos, ou publicitários, para mercados locais. O faturamento destes jogos é baixíssimo e isso dá pouca margem para que os estúdios se dediquem a projetos próprios voltados para o mercado internacional", analisa Vítor.

 

O desenvolvedor de games precisa também dedicar boa parte do seu tempo a ampliar sua rede de contatos e parceiros internacionais, já que é muito difícil um jogo ser bem sucedido sozinho, apenas contando com divulgação espontânea. E isso demanda tempo e investimento, de acordo com o produtor da Swordtales, Vítor Leães.

 

 

Brasil se destaca pela produção independente de jogos

 

De acordo com Vítor, os desenvolvedores de jogos brasileiros estão muito atrás dos mercados consolidados como América do Norte, Europa e Ásia: falta experiência, profissionais especializados e investimentos para garantir uma sobrevida a longo prazo para muitos estúdios. Mas, mesmo assim, o Brasil chama a atenção pela produção independente de jogos, que são vistos como um grande potencial.

 

"Temos a maior produção de jogos da América Latina e já estamos desenvolvendo jogos para plataformas de ponta como o Playstation 4 da Sony, o XBOX ONE da Microsoft e o WiiU da Nintendo. Mesmo tendo um longo caminho pela frente, há um consenso de que estamos vivendo a melhor fase da indústria de jogos brasileira", diz Vítor.

 

 

Projeto Setorial Brazilian Game Developers

 

O Projeto Setorial Brazilian Game Developers é realizado em parceria entre a Associação Brasileira dos Desenvolvedores de Jogos Digitais (Abragames) e a Apex-Brasil, desde junho de 2013, com o objetivo de promover a indústria brasileira de jogos digitais no mercado internacional.

 

Além de subsidiar parcialmente a participação das empresas brasileiras desenvolvedoras de games em eventos internacionais, o projeto traz publishers e compradores internacionais para rodadas de negócios e visitas comerciais ao Brasil. Por meio do projeto as empresas também são capacitadas em áreas como planejamento de negócios, gestão de negócios internacionais e políticas e práticas de exportação, que inclui certificações e questões jurídicas, entre outros temas.

 

“Acreditamos muito no potencial do segmento de games, apesar de se tratar de uma indústria em estágio inicial da maturidade. Os feedbacks de especialistas do mercado internacional, junto com cases como este do Toren, que acaba de conquistar mercados importantes, só confirmam nossa percepção”, afirma o gerente de Economia Criativa, Casa e Construção, Moda, Tecnologia, Saúde e Serviços da Apex-Brasil, Igor Brandão. Atualmente, 35 empresas participam do projeto. Os mercados prioritários são o Canadá e os Estados Unidos.

 

“O mercado de games é global, ou seja, o produto videogame, para ser competitivo, deve ser feito pensando no mercado mundial e não regionalmente. A parceria com a Apex-Brasil é fundamental para a nascente indústria brasileira. No primeiro ano de convênio fizemos o Planejamento Estratégico do setor, crucial para o amadurecimento das empresas”, explica a gerente executiva do Projeto Brazilian Game Developers, Eliana Russi.

 

Os resultados de negócios internacionais do Projeto Comprador, no BIG Festival, realizado em São Paulo e Porto Alegre, em maio, superaram as expectativas, de acordo com Eliana Russi, totalizando US$ 2,5 milhões e previsão de US$ 15 milhões para os próximos 12 meses. O BIG é o primeiro e único festival de jogos independentes da América Latina. A cada edição, o festival expõe os melhores jogos independentes do ano do mundo inteiro. “Estamos colhendo os frutos do Projeto Comprador do BIG Festival, com o lançamento internacional do game da Swordtales pela publicadora Versus Evil”, explica Eliana.

 

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