PROJETO COMPRADOR DA MOVELSUL DEVE GERAR US$ 35 MILHÕES EM NEGÓCIOS



A Movelsul Brasil 2014 encerrou na última sexta-feira (28/03) tendo recebido visitantes de 40 nacionalidades. Entre eles, estão os 30 importadores convidados para a oitava edição do Projeto Comprador – uma parceria entre o Sindmóveis Bento Gonçalves e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasi), por meio do Projeto Brazilian Furniture de estímulo às exportações dos móveis brasileiros. Foram mais de 600 reuniões com 112 empresas brasileiras, que deverão resultar em exportações no montante de US$ 35 milhões.

 

Os importadores convidados vêm de mercados já consolidados para os móveis brasileiros, como os países da América Latina, e outros onde há boas oportunidades para a indústria moveleira: África do Sul, Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Curaçao, Espanha, Equador, Estados Unidos, França, Ilha de São Martin, Inglaterra, Marrocos, México, Panamá, Paraguai, Peru, Reino Unido, Suriname e Uruguai.

 

Com sua primeira participação no Projeto Comprador, as ilhas de Curaçao e São Martin vieram representadas por importadores que abastecem não somente a seu país, mas aos mercados vizinhos. O representante da Ilha de São Martin, Kishor Mirchadani, ficou impressionado pelo porte das empresas expositoras e prevê a realização de bons negócios no Brasil. Segundo ele, este é o momento ideal para a indústria brasileira de móveis retomar seu espaço no mercado externo.

 

Depois da visita à feira e de negociar com cerca de 20 empresas, Mirchadani disse ter encontrado bons projetos a preço razoável. “O Brasil tem muitas vantagens em relação à China, que somente precisam ser melhor exploradas: lá, a produção de roupeiros é muito baixa e este é um produto; o Brasil produz camas com medidas compatíveis à Europa, já a China não; aqui os produtos são mais modernos e, principalmente, há maior flexibilidade na negociação. Podemos importar do Brasil um contêiner com produtos variados. Na China, isso não é possível”, enumera.

 

Retomada do mercado externo

 

As empresas brasileiras participantes do Projeto Comprador contam com os frutos da ação para fortificar sua presença no mercado externo. A empresa Mobitec, por exemplo, iniciou suas atividades em 1996 já com foco nas exportações e, atualmente, destina 35% da produção para o exterior. Seus principais clientes estão localizados nos países da América do Sul e África, além do México e França. O diretor da empresa, Rodrigo Barros, avalia positivamente o novo formato das reuniões com importadores, feitas nos próprios estandes da feira desde a edição passada, em 2012. “Considero que o Projeto Comprador auxilia muito as empresas que têm pouca experiência no mercado externo e mesmo nós que já exportamos, pois temos a oportunidade de acessar novos mercados”, pontua.

 

A indústria moveleira do Brasil conta com mais de 18 mil empresas. Contudo, sua participação no comércio exterior é inferior a 5% da produção. Conforme o gestor de projetos da Apex-Brasil, Emanuel Teixeira Figueira Júnior, nos últimos 10 anos, as exportações de móveis caíram pela metade e, em 2013, registrou-se o menor índice da história. Segundo ele, a demanda interna ainda é suficiente para as empresas, mas já não deverá crescer tanto nos próximos anos. Assim sendo, a indústria precisará novamente olhar para fora – e possui aliados para isto. “Existem ferramentas de financiamento à inovação ainda pouquíssimo acessadas pela indústria moveleira, como o Finep e a linha pró-design do BNDES, que auxiliam na agregação de valor”, aponta.

 

A parceria da Apex-Brasil com a cadeia moveleira é antiga: já são 10 anos de apoio ao Projeto Orchestra Brasil, que fomenta as exportações de fornecedores, e 15 anos apoiando o Brazilian Furniture, para a indústria de móveis. O principal desafio, segundo Figueira Júnior, é buscar meios de fortalecer as exportações mesmo diante da concorrência com a China. “Já sabemos que competir com a indústria chinesa por preço é impensável, mas temos condições de competir por meio da diferenciação, pelo design genuinamente brasileiro, pela sustentabilidade e inovação – tudo o que traduza o brazilian way”, avalia.

 

 

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Ana Carolina Azevedo

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