UNICA DEBATE INICIATIVAS EM FAVOR DA BIOMASSA EM EVENTO DA UE
O aproveitamento eficiente da biomassa da cana-de-açúcar para a produção de energias renováveis no Brasil, seja na forma de biocombustível, eletricidade ou até bioplásticos, foi um dos temas mais discutidos por especialistas de 83 países durante importante conferência organizada pela Comissão Europeia em Copenhagen, na Dinamarca. Com o apoio institucional da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), o evento realizado entre os dias 14 e 15 de maio reuniu aproximadamente 1.200 participantes com o objetivo de apresentar inovações tecnológicas, pesquisas científicas e debater políticas de valorização da biomassa e da sustentabilidade praticadas ao redor do mundo.
Na capital dinamarquesa, a assessora sênior da presidência para Assuntos Internacionais da UNICA, Geraldine Kutas, teve agenda cheia; moderou, palestrou e participou de diferentes painéis e encontros com representantes da Comissão Europeia. A executiva integrou mais uma ação da entidade brasileira em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) para promover os derivados da cana no mercado internacional.
“A biomassa é primordial para alavancar a bioeconomia global. Está entre as fontes mais usadas para gerar energia limpa e renovável e por um bom tempo seguirá assim. Estudos da Agência Internacional de Energia (IEA) e da Agência Internacional de Energias Renováveis (IRENA) demonstram, por exemplo, que o mundo deverá triplicar o uso de biocombustíveis até 2030”, afirma Geraldine.
Focando no papel estratégico do etanol para a redução das emissões de CO2 no setor de transporte, a executiva da UNICA explicou a importância do biocombustível para a sustentabilidade da matriz energética brasileira e o papel das políticas públicas para impulsionar o mercado de combustíveis de baixo carbono. “Expliquei o que é o Programa RenovaBio, um mecanismo de mercado, e não de subsídio ou novo imposto, que premiará os biocombustíveis mais eficientes, incentivando a inovação tecnológica nos setores de biocombustíveis e de transporte”, ressalta.
Após informar que o texto do RenovaBio se encontra em consulta pública e que as metas de redução de gases de efeito estufa devem ser definidas até final de junho deste ano, a assessora da UNICA foi questionada sobre a real eficácia do programa diante do baixo valor do carbono no mercado internacional. Na Europa, o problema afetou o sucesso de iniciativas como o Sistema de Comércio de Emissões da União Europeia (EU-ETS), criado para incentivar o mercado de título “verdes”.
“Diferentemente do ETS, o RenovaBio cobrirá um segmento específico, que será o de transportes, e não de vários setores como no caso europeu. Além disso, não haverá subsídios ou isenção fiscal de qualquer natureza aos produtores de etanol, biodiesel e biogás, além do fato de que todos os distribuidores terão de cumprir metas de redução de emissões”, afirma Geraldine, que também moderou um painel sobre sustentabilidade e governança coorporativa na conferência europeia. “Na oportunidade, demonstrei a dimensão socioeconômica da cadeia produtiva da cana no Brasil, especialmente a contribuição do setor para aumento do PIB na região Centro-Sul do País, o quanto essa indústria ajuda no desenvolvimento de mais de 1.000 municípios”, ressalta.
Dados de um estudo produzido pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq/USP) e pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) indicam que a existência de uma planta de etanol no município eleva o PIB médio per capita no ano de instalação da usina em US$ 1.098, enquanto o das 15 cidades mais próximas têm acréscimo médio de US$ 475.
Foto: European Biomass Conference.