Brasil e União Europeia debatem tecnologias e políticas para a produção sustentável de alimentos



Brasil e União Europeia debatem tecnologias e políticas para a produção sustentável de alimentos

Brasilia, 23 de novembro de 2020 – A agricultura de precisão e a tecnologia de baixo carbono na produção de alimentos foram debatidas hoje em evento organizado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) em parceria com a European Landowners’ Organization (ELO).

O “Diálogo sobre Alimentos e Agricultura Sustentáveis: Liderando a transição” reuniu debatedores brasileiros e europeus em uma discussão online, inspirada na estratégia Farm to Fork, desenvolvida pela Comissão Europeia para buscar um sistema de produção alimentar sustentável. O webinar foi concebido a partir da constatação de que a alimentação e a agricultura estão em uma transição necessária, com uma crescente consciência dos profundos impactos das atividades agrícolas sobre o planeta.

Na abertura do evento, o embaixador do Brasil para a União Europeia, Marcos Galvão destacou a importância do diálogo com os agricultores europeus representados pela ELO. “Tanto o Brasil quanto a União Europeia tem um papel de liderança em garantir que a agricultura e produção de alimentos sejam um forte direcionador de uma economia mundial mais sustentável e com menor impacto nas mudanças climáticas”.

O Secretário-Geral da ELO, Thierry de l’Escaille, lembrou que a adoção de práticas sustentáveis de agricultura nunca foi tão urgente e a transição verde vai afetar as vidas de todos nos. “Precisamos ajudar nossos agricultores a passar por ela com políticas construídas com forte participação tanto do setor público quanto do privado, viabilizando o uso de práticas e ferramentas corretas, sendo que duas delas são a agricultura de precisão e a de baixo carbono, que estamos discutindo aqui hoje”.

Jonathan Brooks, da Divisão de Políticas Agrícolas da OCDE fez uma apresentação sobre os caminhos para um sistema agrícola mais sustentável destacando que o aumento de produtividade é essencial para a sustentabilidade na agricultura, na medida em que envolve o uso de menos recursos escassos para produzir um determinado produto. Mas alertou que isso não será suficiente se não houver políticas coerentes com os objetivos ambientais e climáticos, que implicarão em difíceis negociações entre objetivos concorrentes.

“União Europeia e Brasil têm fortes ambições para melhorar a sustentabilidade da agricultura, mas as políticas agrícolas na maioria dos países estão falhando e a complexidade de acertar se reflete no que chamamos de “triplo desafio” – garantir a segurança alimentar e nutricional, prover meios de subsistência e contribuir para o uso sustentável dos recursos. Nunca se trata de apenas uma coisa”, disse.

O debate seguiu com a participação de Nicola Di Virgilio da DG AGRI (TBC), Anke Kwast da empresa Yara, e Fabio Nehme da Indigo Agriculture, a partir do estúdio montado em Bruxelas; e João Adrien, assessor do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Marcio Albuquerque, presidente da Comissão Brasileira de Agricultura de Precisão do MAPA, e Eduardo Bastos, da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG), a partir do estúdio em Brasilia. O debate teve ainda perguntas moderadas por Jurgen Tack,Diretor Cientifico da ELO e Renata Maron, jornalista do canal brasileiro Terraviva.

Sobre os temas

A agricultura de precisão é um conceito de gerenciamento focado na observação quase em tempo real, na medição de respostas à variabilidade em culturas, campos e animais. Sua adoção foi possível graças ao rápido desenvolvimento de tecnologias e procedimentos baseados em tecnologia da informação e softwares dedicados.

Já a agricultura de baixo carbono se refere às atividades agrícolas que afetam os reservatórios de carbono nos solos e vegetação, com o objetivo de diminuir as emissões, aumentar a remoção e o armazenamento de carbono e proteger os solos ricos no material (mitigação climática com práticas de manejo da terra). Baseia-se em práticas agrícolas relevantes para aumentar o sequestro de carbono e reduzir a emissão de gases de efeito estufa.

Sobre os parceiros

A European Landowners’ Organization (ELO) é uma federação de 60 associações nacionais dos 28 Estados-membros da UE, que representam os agricultores europeus. No Brasil, o evento foi apoiado importantes entidades do setor: ABAG -Associação Brasileira do Agronegócio , ABIEC – Associação Brasileira da Industria Exportadora de Carnes, ABPA – Associação Brasileira de Proteína Animal, CNA – Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, SRB -Sociedade Rural Brasileira e UNICA – União da Indústria de Cana-de-Açúcar.