Cinquenta empresas brasileiras iniciam programa de aceleração com Apex-Brasil e Amazon dos EUA



Cinquenta empresas brasileiras iniciam programa de aceleração com Apex-Brasil e Amazon dos EUA

Selecionadas por meio de acordo celebrado entre a agência brasileira e a líder de e-commerce norte-americana, as empresas terão acesso à capacitação e acompanhamento para inserção e venda de seus produtos na plataforma 

Exportar produtos para o mercado dos Estados Unidos, um dos mais competitivos e exigentes em todo o planeta, por meio da Amazon, plataforma que representa 25% das vendas de e-commerce no país, será realidade para 50 empreendedores e empresários brasileiros. Eles foram selecionados para participar de um programa de aceleração entre a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e a Amazon, movimentando mais de US$ 161,5 bilhões nos EUA em 2021.  

Os números são a prova do tamanho das oportunidades para as empresas participantes. Dados do escritório regional da Apex-Brasil nos EUA mostram que 77% da população norte-americana compra via e-commerce. São mais de 256 milhões de usuários, sendo que 36% das lojas são totalmente digitais. O comércio eletrônico no país deve crescer 9% ao ano até 2026, quando chegará a US$ 993 bilhões.  

De acordo com a gerente de Competitividade da Apex-Brasil, Deborah Rossoni, auxiliar as empresas brasileiras a inserir-se e crescer em competência e competitividade no concorrido e-commerce dos EUA e na Amazon é uma conquista. “Quanto maior for o número de empresas brasileiras com expertise para exportar e vender seus produtos nos mercados mais disputados do mundo, mais esse conhecimento será internalizado e propagado na cultura empreendedora e empresarial brasileira, pois elas incorporam as melhores práticas dos ambientes negociais internacionais. Assim, todos ganham”, disse. 

Oportunidades de mercado 

Engajadas, as organizações brasileiras estão atentas a essas oportunidades. A empresa brasileira de produtos voltados para as áreas de primeiros socorros, cirurgia, tratamento, higiene e bem-estar Cremer, por exemplo, já exporta mais de 500 produtos (SKUs) para América Latina e Europa, e entre 1% e 2% de sua receita vem dessas exportações.  

Segundo Villeon Jacinto, Diretor de Supply Chain da Viveo, grupo empresarial da área da saúde ao qual a Cremer se integrou em 2017, diz que, ainda que esteja presente em mais de 20 países, como Paraguai, Bolívia, Alemanha, Portugal e Itália, a entrada no mercado norte-americano irá fortalecer e consolidar o reconhecimento como uma marca internacional. Criada em Blumenau, Santa Catarina, há mais de 86 anos a Cremer é a maior fornecedora brasileira de itens de primeiros socorros, cirurgia, tratamento, higiene e proteção.  

Outro exemplo é o grupo Bertolini, que fabrica móveis para casa e escritório e que exporta para 25 países, com cerca de 7% da receita vinda deste segmento. O diretor da empresa, Alex Bertolini, diz que as oportunidades nos EUA são expressivas, tanto que está investindo nessa direção. A companhia acabou de abrir uma operação em Atlanta para atender localmente os consumidores, fornecendo móveis para TV, banheiro e para home office, mercado que tem crescido em razão da pandemia. Segundo ele, a plataforma é um canal de grande alcance para chegar ao consumidor final. “O potencial de negócios assim como os desafios são grandes, já que se sabe o elevado nível de exigência dos clientes, em especial da Amazon”, comentou.  

e-Xport 

A parceria com a Amazon faz parte do Programa e-Xport, desenvolvido pela Apex-Brasil com o objetivo de promover os negócios das empresas brasileiras através da inserção no comércio eletrônico internacional e da melhoria de sua presença digital, tudo de forma contínua e sustentável. Lançado em 2017 e reformulado em 2020, o Programa já fez uma aceleração com a Plataforma RangeMe, B2B, voltada para o varejo nos EUA e com a Alibaba.com, para apoiar a inserção de produtoras e distribuidoras de alimentos e bebidas B2B na plataforma. Saiba mais sobre o programa e-Xport aqui.  

O acordo com a Amazon foi assinado em 15 de setembro, durante o e-Xport meeting, uma semana dedicada a impulsionar o ambiente negocial dos exportadores brasileiros. Foram recebidas 424 inscrições, das quais 240 estavam completas, com todos os dados e requisitos preenchidos de forma correta. As classificadas foram analisadas pelas equipes da Apex e da Amazon de acordo com os critérios especificados no regulamento, que vão desde possuir um website em inglês, a ter experiência em exportação e e-commerce. As 50 empresas com pontuação mais alta foram selecionadas e tiveram entre os dias 1º e 8 de outubro para assinar o termo de adesão ao projeto e formalizar a sua participação, com início das atividades no dia 19 de outubro. Segundo Deborah Rossoni, as demais selecionadas aguardarão em lista de espera e serão chamadas assim que as turmas subsequentes forem abertas.   

Aceleração em duas etapas 

O programa de aceleração está constituído em duas etapas, uma de qualificação e outra de operacionalização. Na primeira etapa, os participantes terão aulas, ministradas pela Amazon e pela Apex sobre expansão internacional, exportação e vendas nos EUA, consistência de marca e presença digital. Na segunda etapa, cada empresa terá acesso a um gerente de contas da plataforma, que dará suporte para seleção e gestão de produtos que serão vendidos, tradução e habilitação das ofertas na plataforma, bem como para a emissão de documentos para exportação, relacionamento com operadores logísticos e gerenciamento de negócios globais. 

Esta consultoria da equipe da Amazon é normalmente oferecida apenas para empresas com grandes volumes de vendas, mas, nesse projeto, será oferecido para todas as participantes. As atividades de treinamento são realizadas sem custo e as despesas mensais serão de US$ 40, além de comissão sobre vendas das mercadorias e custos de logística, caso sejam utilizados este tipo de serviço. 

Em mercados tão competitivos, toda ajuda é bem-vinda. A Distillerie Stock do Brasil, outra das selecionadas, está planejando sua entrada na Amazon dos EUA desde 2019. A empresa já exporta para outros países como China, Arábia Saudita, Uruguai, Paraguai e Chile, chegando a US$ 115 mil de receita. Segundo a diretora Valéria Cristina Natal, a experiência com vendas através de plataformas de e-commerce tanto no Brasil quanto no exterior está sendo muito positiva.  

“Nossos produtos já são comercializados nos EUA, então sabemos que têm boa aceitação nesse mercado, mas fizemos uma pesquisa sobre como operar na Amazon dos EUA e na do Canadá e a operação é complexa. Existem as dificuldades de comunicação, não somente de idioma, mas principalmente da cultura de negociação. A confiança na parceria entre as partes precisa existir, e isso é adquirido ao longo do tempo e das transações. Sabemos que a Apex-Brasil e própria Amazon são organizações sólidas e experientes para nos dar o suporte e a segurança que precisamos para fazer chegar o produto ao destino final sem intercorrências”, destacou.  

Apex-Brasil 

A Apex-Brasil atua para promover os produtos e serviços brasileiros no exterior e atrair investimentos estrangeiros para setores estratégicos da economia brasileira. Apoia mais de 15 mil empresas em 57 setores, que por sua vez exportam para mais de 200 mercados.