Escritor indígena Ailton Krenak está entre os mais vendidos na Flip



Escritor indígena Ailton Krenak está entre os mais vendidos na Flip

De acordo com dados da Livraria da Travessa, distribuidora oficial da Flip (Festa Literária Internacional de Paraty), entre os cinco autores de livros mais vendidos até sábado (13) está o escritor indígena Ailton Krenak. O brasileiro lançou o livro “Ideias para adiar o fim do mundo” pela editora Companhia das Letras, que faz parte do Brazilian Publishers — projeto de internacionalização de conteúdo editorial brasileiro realizado por meio de uma parceria entre a Câmara Brasileira do Livro (CBL) e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) — e ocupa o terceiro lugar no ranking.

Ailton Krenak nasceu na região do Vale do Rio Doce, um lugar cuja ecologia é profundamente afetada pela atividade de extração mineira atualmente. “Ideias para adiar o fim do mundo” é uma adaptação de duas conferências e uma entrevista realizadas em Portugal, entre 2017 e 2019, onde o líder indígena reflete criticamente sobre a ideia de humanidade como algo separado da natureza, que seria a fonte do desastre socioambiental de nossa era, o chamado Antropoceno.

De acordo com o escritor, um dos maiores erros da sociedade é ignorar a diversidade, presumir que todos são iguais e ter a humanidade como superior aos demais seres. “O livro é uma provocação sobre a possibilidade de agirmos enquanto ainda tempos tempo”, conta Ailton e acrescenta: “é uma chamada de atenção para ver se conseguimos fazer algo além de só consumir o mundo”.

O indígena brasileiro ficou conhecido quando, em 1987, foi à Assembleia Constituinte com o rosto pintado de tinta preta do jenipapo para protestar contra o retrocesso na luta pelos direitos indígenas. Ailton conta que começou a compreender o mundo e seus problemas ainda criança: “eu era menino quando comecei a sentir mal-estar com o cheiro de combustível que chegava à minha aldeia. Fui percebendo que era um problema que não cercava só a minha região, e sim o planeta, e que eu deveria contar essas histórias para além do meu povo”.

Além de Ailton, a lista de 15 mais vendidos da livraria Travessa aponta outros dois nomes de autores brasileiros. Entre eles Djamila Ribeiro (Pólen), com a obra “Lugar de Fala”, e Jarid Arraes, com o livro ‘Heroínas Negras Brasileiras em 15 Cordéis”. A última autora inclusive estava lançando o título “Redemoinho em dia quente” na feira pela Companhia das letras – uma participante do Brazilian Publishers.

Confira a íntegra da lista abaixo:

MAIS VENDIDOS NA FLIP*
*Na Livraria da Travessa, até sábado (13)
1. “Memórias da Plantação – Episódios de Racismo Cotidiano” – Grada Kilomba (Cobogó)
2. “Fique Comigo” – Ayobami Adebayo (HarperCollins)
3. “Ideias para Adiar o Fim do Mundo” – Ailton Krenak (Companhia das Letras)
4. “Também os Brancos Sabem Dançar” – Kalaf Epalanga (Todavia)
5. “Meu Pequeno País” – Gaël Faye (Rádio Londres)
6. “Sobre o Autoritarismo Brasileiro” – Lilia M. Schwarcz (Companhia das Letras)
7. “Uma Noite, Markovitch” – Ayelet Gundar-Goshen (Todavia)
8. “Maternidade” – Sheila Heti (Companhia das Letras)
9. “Lugar de Fala” – Djamila Ribeiro (Pólen)
10. “O Oráculo da Noite: A História e a Ciência do Sonho” – Sidarta Ribeiro (Companhia das Letras)
11. ‘Heroínas Negras Brasileiras em 15 Cordéis” – Jarid Arraes (Pólen)
12. “Cat Person e Outros Contos” – Kristen Roupenian (Companhia das Letras)
13. “Paletó e Eu – Memórias do Meu Pai Indígena” – Aparecida Vilaça (Todavia)
14. “Noite em Caracas” – Karina Sainz Borgo (Intrínseca)
15. “Terra Inabitável” – David Wallace-Wells (Companhia das Letras)

Sobre o Brazilian Publishers
Criado em 2008, o Brazilian Publishers é um projeto setorial de fomento às exportações de conteúdo editorial brasileiro, resultado da parceria entre a Câmara Brasileira do Livro (CBL) e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil). A iniciativa tem como propósito promover o setor editorial brasileiro no mercado global de maneira orientada e articulada, contribuindo para a profissionalização das editoras.