Nova geração de autores brasileiros conquista a crítica e esquenta o audiovisual; conheça quatro nomes



Nova geração de autores brasileiros conquista a crítica e esquenta o audiovisual; conheça quatro nomes

Miguel del Castillo, Jarid Arraes, Lucas Verzola e Luisa Geisler são os ficcionistas para não perder de vista

Em 2020, a literatura brasileira ganhou notoriedade mundo afora com novas traduções e edições especiais de escritores clássicos, como Clarice Lispector e Machado de Assis. Enquanto isso, novos nomes despontam no âmbito da ficção. A nova geração de autores brasileiros vem colecionando prêmios, reconhecimento da crítica e até mesmo esquentando o mercado de audiovisual.

O time do site do Brazilian Publishers — Programa de Internacionalização do mercado editorial brasileiro, realizado por meio de uma parceria entre a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e a Câmara Brasileira do Livro (CBL) — selecionou quatro autores jovens de ficção para as casas internacionais não perderem de vista. Miguel del Castillo, Jarid Arraes, Lucas Verzola e Luisa Geisler são premiados e figuram as listas de indicações de publicações de prestígio.

Conheça abaixo um pouco mais sobre cada um e suas respectivas obras de destaque.

Jarid Arraes

A escritora é natural da cidade de Juazeiro do Norte, interior do estado do Ceará, no nordeste do Brasil. Jarid começou sua carreira trazendo à literatura contemporânea uma releitura de um gênero tradicional, regionalista e muito popular: o cordel. Narrado de forma rimada, ele é originado em relatos orais e publicado em folhetos.

Em obras como “Heroínas Negras Brasileiras em 15 cordéis” (2017), no Brasil pela Pólen Livros, Jarid explora e reinventa o gênero ao trazer um recorte racial e feminista.  O cordel é, inclusive, uma herança de família: seu avô, Abraão Batista, e seu pai, Hamurabi Batista, foram ambos cordelistas e xilogravadores.

Seu primeiro lançamento em prosa foi “As Lendas de Dandara” (2016), lançado pela Editora de Cultura. A obra foi traduzida para o francês e publicada em outubro de 2018 na França, sob o título de “Dandara et les esclaves libre”, pela editora Anacaona. Em 2019, Jarid lançou “Redemoinho em dia quente”, pela editora Companhia das Letras. A sua estreia no universo dos contos relata histórias sobre mulheres brasileiras que não se encaixam em padrões e desafiam expectativas. O lançamento foi muito bem recebido pelo mercado editorial brasileiro e pela crítica especializada e foi condecorado pelo Prêmio APCA de Melhor Livro de Contos de 2019. 

Luisa Geisler

A carreira de Luisa no mercado literário começou em 2011, com a obra “Contos de mentira”, lançada pela editora Record. A estreia começou chancelada: a escritora levou naquele ano o Prêmio Sesc de Literatura, e foi finalista no Prêmio Jabuti. Tudo isso com apenas 19 anos de idade.

Nascida em no município de Canoas, no Rio Grande do Sul, Luisa também é tradutora, escritora e mestre em processo criativo pela National University of Ireland. Em 2012, a jovem lançou seu primeiro romance, a obra “Quiçá” (2012), também pela Record e premiada pela condecoração do Sesc. No mesmo ano, Luisa figura a lista de “melhores jovens escritores brasileiros”, da Revista Granta.

A autora explora a prosa em romance em outros trabalhos, como “Luzes de emergência se acenderão automaticamente” (2014), da Alfaguara. Em 2018, lança “De espaços abandonados”, pela editora Alfaguara, obra mais experimental, narrada em formato de um manual.

Miguel del Castillo

Miguel é escritor, tradutor e editor carioca, radicado em São Paulo. Assim como Luisa, compõe o seleto grupo, e foi eleito em 2012, pela revista Granta, como “melhores jovens escritores brasileiros”.

Recebeu o prêmio Paulo Britto de Poesia e Prosa, em 2010, com o conto “Carta para Ana”, publicado na Antologia de prosa Plástico Bolha. Seu primeiro livro saiu em 2015, a obra “Restinga”, sob o selo da Companhia das Letras. As histórias de Miguel narradas na obra combinam memória e política para investigar os efeitos das grandes tragédias coletivas nas vidas particulares de seus personagens. Os direitos do livro foram vendidos para a RT Features.

Outro título do autor que fez barulho, e também será adaptado para as telonas, é “Cancún” (2019), publicado no Brasil pela Companhia das Letras. A história relata dois momentos da vida de Joel, o protagonista. No primeiro deles, aos 12 anos, o personagem é um pré-adolescente carioca que vive na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. O garoto de classe média alta entra para o grupo de jovens evangélicos e é assim que se inicia um conflito com o estilo de vida de seu pai, personagem que ganha a vida através de trabalhos nebulosos que executa em Cancún.

O título figura a lista de “Melhores Livros de 2019”, na categoria literatura brasileira, da revista brasileira Quatro Cinco Um.

Lucas Verzola

“A última cabra” (2019), de Lucas Verzola, também aparece na lista. Lançado pela editora Reformatório, o livro de contos do escritor paulistano traz dez histórias, marcadas por personagens em situações de encurralamento.

Lucas é formado em direito e bebeu de sua experiência de trabalho no Tribunal de Justiça de São Paulo para compor seu primeiro livro: “Em conflito com a lei”, lançado no Brasil também pela Reformatório. Na obra, que colocou Verzola na mira da crítica literária brasileira, há relatos em diferentes formatos narrativos sobre a vida de jovens infratores e mistura a ficção com não ficção. 

O escritor foi um dos selecionados pelo programa de tradução de autores brasileiros contemporâneos da Capitolina Books, que irá resultar em uma  coletânea bilíngue. O programa é realizado em parceria com a University College London (UCL).

Sobre o Brazilian Publishers

Criado em 2008, o Brazilian Publishers é um projeto setorial de fomento às exportações de conteúdo editorial brasileiro, resultado da parceria entre a Câmara Brasileira do Livro (CBL) e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil). A iniciativa tem como propósito promover o setor editorial brasileiro no mercado global de maneira orientada e articulada, contribuindo para a profissionalização das editoras.