Parceria Brasil e México: rodada de negócios de produto de madeira



Parceria Brasil e México: rodada de negócios de produto de madeira

Ação foi promovida pela Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente em parceria com a Apex-Brasil e a FIEP

Para aproveitar a presença de grandes empresas em Curitiba durante a Semana Internacional da Madeira, entre os dias 10 e 13 de setembro, a Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci) organizou, em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), o SECOM da Embaixada do Brasil no México e a Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), uma rodada de negócios para receber uma missão comercial do México, composta por empresas importadoras daquele país na busca de desenvolver fornecedores e parcerias com indústrias brasileiras de madeira.

Na avaliação do presidente da Abimci, José Carlos Januário, essa proposta é uma experiência única para o setor e, em breve, a Associação pretende estender para outros países também, como África do Sul, Caribe e Estados Unidos. “De modo geral, os mercados ao redor do mundo estão difíceis. Apesar disso, os negócios vêm acontecendo, não nos níveis de preço e volume que esperávamos, mas estão saindo. Nesse cenário, a rodada tornou-se ainda mais importante e trouxe negócios interessantes”, afirmou.

O México é grande importador de madeiras. Em 2018, as importações mexicanas de madeiras coníferas (pinus) atingiram o valor de US$ 605,2 milhões, sendo o principal fornecedor os EUA, com US$ 329,4 milhões, seguido pelo Brasil cujas exportações atingiram US$ 138,6 milhões, crescimento anual de 18,3%. Nesse sentido, identifica-se grande diversidade no mercado e amplo espaço de crescimento para as madeiras brasileiras.

Para o presidente da Associação Nacional de Importadores e Exportadores de Produtos Florestais mexicana, Everardo Martinez Salazar, o México tem grande interesse em estreitar a relação com as empresas brasileiras exportadoras de produtos florestais. Segundo ele, o Brasil é um país extremamente importante pela grande oferta de material florestal, justamente o que o México precisa. Por isso, ele avalia que o mercado mexicano pode se tornar um importante cliente para o Brasil, e eventos como a rodada de negócios ajudam a estreitar essas relações.

“O evento e as reuniões superaram não só as minhas expectativas, mas também a de todos os outros importadores do México. Tudo muito bem organizado e estruturado, com empresas oferecendo exatamente os produtos que estávamos procurando. Nossa produção doméstica da indústria florestal é muito baixa, e precisamos importar muitos produtos para alcançar a nossa demanda. É por isso que precisamos de um país como o Brasil, que tem muitos produtos florestais e uma indústria florestal muito bem desenvolvida. Há muitas coisas que podemos fazer, trabalhando juntos para aumentar a demanda nos próximos anos”, garantiu.

Segundo a diretora executiva da Associação Nacional de Importadores e Exportadores de Produtos Florestais do México, que também acompanhou o evento, a comitiva retorna ao país de origem com um saldo bastante positivo. “Conhecemos empresas muito interessantes, que oferecem produtos inovadores. Há grandes oportunidades para o mercado brasileiro”, afirmou. Os contatos desenvolvidos durante a missão geraram potencial de exportações de aproximadamente US$ 20 milhões/ano.

Uma das empresas que participou do encontro com os empresários mexicanos foi a M7 Indústria e Comércio de Compensados e Laminados. Para o sócio proprietário Evandro Marini, a qualidade do evento e dos participantes surpreendeu, e há grandes chances de os dois países desenvolverem parcerias importantes. Ele avalia que a empresa sai fortalecida do encontro, “pelo contato e pelo nível de conversa e de negócios”.

“Esse mercado necessita de muita confiança entre cliente e fornecedor, e o contato direto, esse ‘olho no olho’, estabelece um grau de confiança maior. Temos grandes chances de fechar parcerias com as empresas que estiveram aqui. Nossa empresa não participava muito desse mercado, mas, agora, acredito que vamos conseguir ter um bom resultado em termos de vendas e colocar a nossa marca no México”, apontou.

Na mesa dos clientes, dois empresários mexicanos reforçaram que a rodada foi um excelente espaço para aumentar as perspectivas de negócios. Luis Manuel Salas Estrada, do Grupo Madeireiro Saya, afirmou que, ao conhecer novas empresas brasileiras, percebeu que os preços são muito competitivos para o mercado mexicano, e a qualidade do produto agrada. Para ele, os dois países vêm enfrentando uma certa recessão e, por isso, as exportações do Brasil para México têm sido cada vez mais importantes.

“Antes, nas nossas compras, o Brasil estava em segundo ou terceiro lugar de fornecedores de madeira de compensado, por exemplo. Agora, acredito que está em primeiro lugar. Ou seja, é um mercado muito importante, por isso a necessidade de estarmos aqui para conhecer novos fornecedores e abrir novos mercados”, ressaltou.

Fernando Ruiz Tamez, do Grupo Madeira, complementa, dizendo que o mercado brasileiro é mais desenvolvido, com mais indústrias e mais capacidade de produção e de exportação. Isso quer dizer que o momento – de oferta e de demanda – é oportuno para os dois países.

“Para o México, essa é uma grande oportunidade de importar produtos brasileiros e uma grande oportunidade de crescer nesse mercado. Devido à conjuntura mundial de alguns players, como a China, é um bom momento para os dois países fecharem negócios. A rodada definitivamente superou as expectativas que tínhamos. Viemos com a intenção de conhecer novas empresas e novos produtos, algo que o mercado mexicano está solicitando, e encontramos opções para suprir as necessidades que temos, com excelente serviço, bom atendimento e resposta rápida, o que é muito eficaz e muito positivo. Estou certo que vamos fazer negócios”, assegurou.

E se de um lado, o dos compradores, a avaliação é positiva, para os fornecedores a expectativa também é de bons negócios à vista. Rafael Bobato, sócio da Miraluz Indústria e Comércio de Madeiras, disse que brasileiros e mexicanos saíram com bons contatos, o que é ótimo para o desenvolvimento do mercado florestal.

“Essa aproximação é muito válida, porque vai abrir espaço para novos negócios. É uma maneira de mostrarmos a nossa empresa, nossos produtos e a qualidade do trabalho. Temos a oportunidade de uma conversa direta entre o cliente e o fornecedor, que adianta o caminho e agiliza o processo. Nosso relacionamento tem crescido e, com essa aproximação, precisamos agora de um esforço para baixar os impostos e melhorar o comércio entre os dois países. Um acordo comercial como o que o México tem com o Chile, por exemplo, seria muito importante para alavancar ainda mais essa relação”, reforça.

Na avaliação de Fabrício Moreira, sócio da Ótima Compensados, Brasil e México são muito parecidos em clima, cultura, entre outras coisas. Essa similaridade facilita, e a presença dos mexicanos na Semana Internacional da Madeira serviu para reforçar isso. A participação do Presidente e da diretora executiva da Associação Mexicana de Importadores e Exportadores de Produtos Florestais (IMEXFOR), potencializa a ação para além dos compradores mexicanos presentes em Curitiba.

“O setor madeireiro do mundo inteiro vem enfrentando dificuldades, e o principal desafio é passar por essa crise e retomar os preços. O volume de produção é consequência de um bom negócio. A vinda dessa comitiva mexicana foi excelente, justamente em um momento oportuno que com certeza vai abrir novos mercados para nós. Quem esteve aqui é quem trabalha no ramo, então o primeiro passo foi dado e o caminho é realmente esse. Sem dúvidas o México vai ser um grande mercado”, finalizou.