SIAL China: US$ 516,7 milhões em negócios imediatos
Negócios no segmento do Agronegócio e da indústria de Bebidas e Alimentos são os focos da maior feira da China nesse ramo e uma das maiores do mundo. Delegação seguiu para a Coréia do Sul para outro evento dos mesmos setores
Aconteceu na semana passada a SIAL China 2019, maior evento dos setores de Agronegócio, Bebidas e Alimentos do gigante asiático, e as 53 empresas brasileiras que encararam o desafio de negociar seus produtos em um dos maiores mercados do mundo e hub para boa parte da Ásia voltam para casa satisfeitas. No total, foram negociados US$ 516,7 milhões no evento, cifra que pode alcançar mais de US$ 2 bilhões ao longo dos próximos 12 meses a partir dos contatos feitos. Foram realizadas 1971 reuniões de negócios, 1531 das quais com potenciais novos clientes.
A presença brasileira foi organizada e apoiada pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e pelo Consulado do Brasil em Xangai. O melhor desempenho veio das empresas que trabalham proteínas animais: carnes em geral (cuja presença foi coordenada pela ABIEC em parceria com a Apex-Brasil) responderam por US$ 301,7 milhões; carnes de aves, porcos e ovos (presença coordenada pela ABPA em parceria com a Apex-Brasil) por US$ 148,7 milhões; enquanto as empresas que atuaram no pavilhão internacional (montado pela própria Apex-Brasil) negociaram US$ 66,3 milhões, sempre em cifras imediatas negociadas no evento.
Júlio Mariucci, gerente de Vendas da Cooperaguas, conta que a empresa já tem clientes chineses e que foi à SIAL China não apenas para prospectar novos clientes como para consolidar as parcerias já estabelecidas. “É uma forma de mostrarmos novos produtos, atualizações nas instalações produtivas e fortalecer os veículos de negócios. Os chineses prezam muito a possibilidade do contato olho no olho e não participar da feira pode abrir espaço à concorrência”, indica.
Diante do cenário de guerra fiscal entre China e Estados Unidos, essa edição da SIAL China teve apelo especial à busca da garantia de abastecimento ao país. Gerente de Agronegócios da Apex-Brasil, Igor Brandão foi questionado pela mídia local sobre a capacidade brasileira de ocupar espaços deixados pelos norte-americanos. “Destacamos a nossas empresas que elas precisam estar preparadas e competitivas para qualquer contexto. A guerra econômico-comercial é uma conjuntura de momento, que pode passar. Por isso precisamos estar atuantes e preparados para uma presença e fornecimento de longo prazo, não apenas conjuntural”, destacou.
Para se ter uma ideia da representatividade chinesa, estima-se que o crescimento do PIB do país supere 6% ao ano até 2020 e que os gastos totais dos consumidores chineses devem crescer 9,1% ao ano, em média, entre 2016 e 2020. Esse crescimento será impulsionado pelas classes de renda média-alta e alta, sobretudo os consumidores nascidos nos anos 80 e 90 (millennials), faixa da população mais propensa a experimentar novos produtos. Além disso, a região de Xangai, onde se realiza a SIAL China 2019, é uma das Zonas Econômicas Especiais do país e uma das mais populosas cidades chinesas, importante hub para realização de negócios. “Estar presente em Xangai significa também a possibilidade de estabelecer operação de distribuição para outras regiões da China”, reforça Brandão.
A agenda da viagem também incluiu uma visita ao porto e armazéns da Zona Franca de Zhangjiagang, quando os empresários brasileiros receberam uma apresentação detalhada sobre operação e oportunidades na região, geograficamente estratégica por estar localizada entre três grandes capitais de províncias chinesas, as cidade de Xangai, Hangzhou e Nanquim. A presidente de uma grande companhia de logística da cidade, Xu Lujia, elogiou a carne brasileira, a mais consumida na região, e destacou que espera cada vez mais empresas brasileiras chegando à China pelo porto de Zhangjiagang. “A carne brasileira, de vaca, porco ou frango, já é a mais consumida por aqui e nossa infraestrutura de câmaras frias permite uma expansão exponencial das quantidades exportadas pelo Brasil à China”, destacou Lujia.
Depois da participação na SIAL China 2019, parte da delegação brasileira seguiu para a Coréia do Sul, onde 10 empresas participarão da Seoul Food & Hotel, maior feira dos setores no país, que recebeu, em sua última edição, 45 mil visitantes e 600 expositores de 36 países.
As iniciativas combinadas aos mercados chinês e sul-coreano são parte da estratégia da Apex-Brasil para impulsionar a agregação de valor da pauta exportadora brasileira para a região mais dinâmica do mundo, em termos de crescimento do consumo, na medida em que boa parte das empresas promovem produtos processados ou prontos para o consumo.
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