Tarifa tributária zerada para o Brasil no Paraguai alavanca exportações de produtos nacionais de refrigeração para o vizinho sul-americano
Além da vantagem tarifária, produtos brasileiros destacam-se pela qualidade superior em relação aos concorrentes chineses. Brasil domina 9,3% do mercado paraguaio
O Paraguai é cada vez mais uma possibilidade de expansão para empresas de refrigeração: em 2020, o mercado no país totalizou US$ 46,8 milhões em vendas. Para as empresas brasileiras do ramo, o cenário é ainda mais atrativo, uma vez que a tarifa tributária é zerada em função do Mercosul. Além disso, o Brasil se beneficia da proximidade geográfica entre os países, o que reduz o custo do frete, um fator especialmente importante pela ausência de portos marítimos no Paraguai.
O mercado industrial representa 30% da demanda total do Paraguai por equipamentos de refrigeração, enquanto o comercial responde por 70%. Na avaliação do analista de inteligência na Apex-Brasil, Igor Gomes, a crescente demanda do Paraguai se deve a diferentes fatores. “As importações do setor de refrigeração industrial podem ser impulsionadas, por exemplo, pelo crescimento do mercado de carnes no Paraguai, aumentando a demanda por câmaras frias. O investimento em câmaras frias importadas, por sua vez, aliado à baixa produção local e benefícios de isenção tarifária em função do Mercosul podem gerar diversas oportunidades para empresas brasileiras interessadas no mercado paraguaio”, explica.
O aumento da demanda por refrigeração está associado ainda a modernização do varejo alimentício, com o boom das refeições congeladas. Essas empresas necessitam de equipamentos de refrigeração rápida, tecnologia que também pode ser desenvolvida por empresas brasileiras. Na capital Assunção e nas cidades periféricas, por exemplo, as lojas de bairro estão sendo substituídas por lojas de conveniência em que o uso da refrigeração comercial é mais intenso.
Além disso, as vendas do varejo alimentício em 2020 totalizaram US$ 4,3 bilhões no país, com crescimento médio anual esperado de 3,7% para o período de 2020 a 2025, sendo esse um dos principais setores que dependem da refrigeração comercial.
A indústria farmacêutica, dependente da refrigeração industrial, está em ampla ascensão no Paraguai e ambiciona investir em sua infraestrutura e na exportação de seus produtos. Existem várias farmácias locais muito importantes para o mercado paraguaio que fazem uso intensivo de câmaras para conservação, pré-refrigeração, refrigeração ou congelamento.
Precursoras
Já existem empresas brasileiras atuantes no mercado paraguaio. Em 2020, as importações de produtos de refrigeração comercial e industrial provenientes do Brasil totalizaram mais de US$ 24,4 milhões. O país posiciona-se como o quarto maior fornecedor de produtos de refrigeração para o Paraguai e domina 9,3% de seu mercado.
O Grupo Friotec, de Guarulhos (SP), é um desses casos. Com mais de 20 anos de atuação e com um parque industrial de 8.000 m², a empresa exporta desde 2012 para o Paraguai. De acordo com o diretor comercial do grupo, Alexandre Cohen, hoje o país empata com Argentina no posto de terceiro principal destino internacional de venda. A comercialização da Friotec é, por enquanto, apenas de equipamentos industriais, tendo grandes grupos como compradores, entre eles a Ball Corporation e a Luxacril.
A empresa gaúcha Refricomp também investe no vizinho sul-americano. Há 5 anos se internacionalizou e em 2020 começou suas vendas no mercado paraguaio, para um cliente que conheceu seus produtos na Febrava, feira de exposição em São Paulo. “Além do retorno financeiro, a principal vantagem dessa expansão é o reconhecimento da marca”, destaca a gerente comercial da companhia, Lianara Betio.
Para ampliar o mercado
O exportador brasileiro deve buscar parceria com uma empresa importadora e distribuidora ou estabelecer escritórios que ofereçam soluções para o varejo, segmento que está iniciando seu desenvolvimento no Paraguai. Também é importante trabalhar com maior diversificação de produtos, para oferecer soluções abrangentes, tanto para comércios independentes e restaurantes, como para grandes redes de supermercados ou lojas de conveniência.
Para refrigeração industrial, recomenda-se que os exportadores brasileiros foquem em dois tipos de clientes: o segmento de empresas importadoras de peças, por serem as que demandam maior quantidade de produtos, e as indústrias de maior porte que fazem importação direta, como as de frigoríficos ou farmacêuticas.
O mercado de refrigeração industrial é muito pequeno e não há muitos técnicos. Neste caso, o ideal é fazer parceria com empresas locais que prestam consultoria sobre sistemas de frio a grandes indústrias e que montam máquinas para pequenas e médias empresas (PME).
O mercado-alvo
Bens manufaturados possuem papel expressivo nas exportações feitas pelo Brasil, representando aproximadamente 30% (dado de 2020) das vendas ao exterior, segundo levantamento da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos. Nesse sentido, vislumbra-se de grande importância as estratégias do setor HVAC-R para exportação.
Em junho de 2020, a Área de Inteligência da Apex-Brasil esteve reunida com empresas do setor e com a Associação Brasileira de Refrigeração, Ar-Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava) para traçar o plano de trabalho do biênio 2020-2022. Os mercados selecionados pelas empresas foram África do Sul, Canadá, Catar, Chile, Colômbia, Estados Unidos, México e Paraguai.