Webinar discute estratégia de compra local X compra global



Webinar discute estratégia de compra local X compra global

O tema central foi a produção de alimentos e as cadeias de abastecimento dos países europeus

A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) promoveu hoje, 17 de novembro, o webinar Food Production and the Trade Map: Buying Local Vs Buying Global. Organizado pela plataforma de eventos Euractive, sediada em Bruxelas, o evento levou ao público europeu uma discussão de alto nível, com visões acadêmicas, institucionais e de mercado sobre agricultura e sustentabilidade na cadeia alimentícia. O objetivo foi discutir um mix ideal de políticas para o futuro do comércio de alimentos, tanto de uma perspectiva europeia quanto global.

Os painelistas foram Rupert Schlegelmilch, diretor de Agricultura e Segurança Alimentar da Comissão Europeia, Flavio Coturni, também da Comissão Europeia, Léa Auffret, da Organização de Consumidores Europeus (BEUC), Mario Jales, da Seção de Commodities da UNCTAD, e Marcos Sawaya Jank, Professor do Insper Brazil. O debate foi moderado pelo jornalista da Euractiv, Dave Keating.

A discussão correu em torno de temas como a demanda por um maior grau de autossuficiência da União Europeia em produtos que vão desde matérias-primas até medicamentos, agravada pela pandemia; o conceito de uma cadeia de abastecimento mais curta ; o alcance do programa europeu Green Deal na produção de alimentos; a estratégia Farm to Fork ; as preocupações com a sustentabilidade: “segurança alimentar x “soberania alimentar; a diversidade da oferta de alimentos, entre outros.

Os efeitos da pandemia foram pano de fundo para debates sobre as cadeias de produção e de abastecimento globais. O professor Marcos Jank destacou que a tendência a comprar produtos produzidos localmente, criando cadeias curtas de abastecimento, é mais forte na Europa. “Outras regiões do globo continuam demandando alimentos em grande escala e por questões de produtividade, o comércio internacional é a solução. É o caso, por exemplo, de países asiáticos e africanos”, disse.

Rupert Schlegelmilch lembrou que a crise nos mostrou que não podemos ter tudo produzido localmente. “Temos que manter o sistema de cadeias local e global, que são complementares e não excludentes. A distância não é, em si, um fator determinante de sustentabilidade”, disse.

Lea Auffret explicou que os consumidores europeus querem cadeias de abastecimento curtas por motivos de saúde e sustentabilidade. “Consumidores querem ter diversidade de escolhas saudáveis, sazonais, produzidas localmente. Mas não significa que devemos parar as importações de produtos que não produzimos localmente”.

Mario Jales ressaltou que a liderança da Europa no debate sobre a adoção de medidas contra as mudanças climáticas é muito positiva, mas os países em desenvolvimento que dependem das exportações agrícolas não podem ser esquecidos. “Produtos vindos de outros países não são necessariamente menos sustentáveis que os produzidos localmente. E os países em desenvolvimento devem ser considerados na arena mundial. Devemos levar em conta não somente o que é sustentável do ponto de vista local, mas também do ponto de vista global”.

Para Flavio Coturni, o que importa em termos de sustentabilidade não é somente o tipo de produto ou onde é produzido, mas como é produzido. “Há práticas agrícolas que podem ser boas ou ruins, mas não necessariamente são sempre nocivas ao meio ambiente. Precisamos buscar o equilíbrio e fazer as escolhas certas”.

17 de novembro de 2020