A UE enfrenta dificuldades para escoar grãos da Ucrânia



A União Europeia encontra-se sobre pressão para movimentar o excedente agrícola da Ucrânia depois que Moscou se recusou a assinar um acordo apoiado pela ONU, para que Kiev exportasse grãos por meio do Mar Negro e desencadeou uma onda de ataques a portos ucranianos.

O bloco europeu considera que é capaz de exportar todos os grãos e outros produtos agrícolas armazenados “Estamos prontos para exportar por vias de solidariedade quase tudo o que a Ucrânia precisa para exportar”, disse o comissário da Agricultura da UE, Janusz Wojciechowski, à margem de uma reunião de ministros da agricultura da UE em Bruxelas.

Apesar dessa declaração confiante, as faixas de solidariedade da UE – corredores terrestres criados para facilitar o trânsito rodoviário, ferroviário e fluvial – estão sob pressão. O bloco tem lutado para aumentar sua capacidade e enfrenta resistência dos países membros do leste que acabaram ficando presos com excesso de oferta ucraniana.

Desde o início do conflito e o bloqueio dos portos da Ucrânia no Mar Negro no ano passado, os países do leste da UE – Polônia, Romênia e, em menor escala, Bulgária, Hungria e Eslováquia – estão inundados com grãos ucranianos. Nesse sentido, o mercado de grãos ainda é regido por preço e demanda. O grão ucraniano é de alta qualidade e custa menos, contudo, somente se for transportado por mar ou por distâncias relativamente curtas para o interior.

Atualmente, a Polônia ameaça fechar sua própria fronteira pela segunda vez, a menos que Bruxelas estenda as restrições temporárias e apresente verbas para garantir que os grãos não fiquem preso no país. Isso ocorre por causa da queda de preços dos grãos poloneses.

A medida unilateral da Polônia violaria as regras da UE, mas o Estado-Membro argumenta que é necessário porque os produtos ucranianos estão prejudicando os agricultores poloneses. As restrições atuais expiram em 15 de setembro – um mês antes de a Polônia ir às urnas para eleger um novo governo.

A Comissão Europeia tem reunido os cinco países envolvidos diretamente para solucionar o problema. Nesse sentido, a Lituânia propôs aumentar as exportações de grãos ucranianos através da Polônia para seu porto báltico de Klaipėda e quatro outros portos na Estônia e na Letônia. Juntos, os cinco portos são capazes de movimentar 25 milhões de toneladas de grãos por ano.

A Comissão Europeia estima, com base em dados ucranianos, que mais de 65% dos cereais exportados pelas vias solidárias transitaram em junho pelo corredor do Danúbio. Dos portos fluviais ucranianos de Reni e Izmail, Giurgiulesti na Moldávia e Galați na Romênia, as cargas podem chegar ao Mar Negro através do Canal Sulina ou do hub romeno do Mar Negro de Constanta.