Comissão de Agricultura do Reino Unido pede abertura comercial



Em 2021 o Reino Unido iniciou sua política comercial autônoma, com o fim do período de transição do processo de desligamento da União Europeia (UE), o Brexit. Além de um novo perfil tarifário independente, iniciou-se o processo de construção de uma nova rede de parcerias comerciais. Dentre uma diversa gama de acordos negociados, já estão em vigor aqueles com Chile, Coreia do Sul e Japão. Outras parceiras firmadas aguardam o processo formal de ratificação, como nos casos de Canadá e México.

Historicamente um defensor do livre comércio, o governo do Reino Unido instituiu a Comissão de Comércio e Agricultura, ainda em 2020, com o objetivo de criar uma interlocução direta com os diversos atores da cadeia agroalimentar no país. A liberalização de mercados agrícolas é considerada um item sensível em grande parte dos acordos comerciais, tendo por vezes o acesso regulado por cotas. À nova comissão foi destinada a tarefa de estimar impactos da abertura comercial e criar recomendações políticas.

O órgão é composto pelos principais sindicatos e cooperativas agrícolas, além de representantes dos consumidores e organizações não-governamentais, e se reporta diretamente ao governo britânico. O objetivo é que a política comercial expansionista consiga acomodar os diversos interesses da sociedade civil.

Em março, a Comissão publicou seu primeiro relatório que defende um acesso livre de cotas e tarifas para produtos agrícolas em futuros acordos do Reino Unido. O documento indica, no entanto, que altos padrões de conformidade ambiental, ética, trabalhista, e de bem-estar animal estão enraizados na cadeia alimentícia britânica. O relatório, portanto, reitera que possíveis acordos comerciais deverão refletir os padrões e a qualidade existentes no país.

A atenção aos padrões de conformidade consta na lista de 22 recomendações políticas do estudo, que inclui também a formação de coalisões globais em defesa do comércio sustentável, trabalho junto à sociedade civil em áreas de pesquisa e tecnologia, e o alinhamento da condução política ao combate das mudanças climáticas, entre outros.
Os trabalhos dessas comissões serão fundamentais, caso Brasil e Reino Unido avancem nas conversas sobre um possível acordo comercial.