Conflito na Ucrânia – reflexos nas cadeias de suprimento europeias



O conflito entre Rússia e Ucrânia, eclodido em fevereiro, gerou tensões na cadeia de produtos alimentícios na Europa. Isso porque os países em conflito são grandes produtores e exportadores agrícolas, e a Rússia, especificamente, um grande ator no mercado de fertilizantes. De acordo com a Organização para a Alimentação e Agricultura (FAO), das Nações Unidas, os preços globais de alimentos alcançaram níveis recordes para março e abril, com algumas commodities custando um terço a mais em comparação ao mesmo período de 2021.

Considerado o celeiro do continente europeu, a Ucrânia é o principal fornecedor de trigo (19%) e óleos vegetais (13%) à União Europeia. Não obstante os problemas de produção emanados do conflito, o país sofre também com gargalos logísticos para exportação com o bloqueio operacional do Mar Negro, principal rota do país, onde cerca de 30 milhões de toneladas de grãos estão parados. O setor de alta tecnologia europeu também pode ser afetado por descontinuidades no suprimento de matérias-primas, como o gás neon e urânio, conforme aponta o think tank europeu de estudos geopolítico Bruegel.

Aumentos nos custos de energia são observados ao longo de todo o continente europeu, já que o setor é significativamente dependente da Rússia nas importações de carvão (46%), gás natural (40%), e petróleo (27%). O setor de fertilizantes, no qual a Rússia é um importante ator no mercado global, observou aumentos de preço de até 400% na Europa. Após reduzir a produção devido ao custo da energia, parte da indústria europeia de fertilizantes anunciou, recentemente, que irá incrementar a produção daqueles produtos que não utilizam matérias-primas russas.

Com relação aos pacotes de sanções que a União Europeia tem aplicado, as lideranças políticas do bloco discutem interromper as importações de petróleo e gás da Rússia. O movimento tem sido evitado pela União Europeia, mas sinalizações oficiais de alguns chefes de Estado sugerem que o assunto volte à discussão em maio.   Em 26 de abril, a Rússia por sua vez anunciou a interrupção de fornecimento de gás para a Polônia e Bulgária. A interrupção foi feita após os países se recusarem a fazer pagamentos na moeda russa, rublos.