Cooperação União Europeia – Estados Unidos



A União Europeia vem buscando estreitar as relações com os EUA depois dos últimos quatro anos da administração Trump. A cúpula entre os dois parceiros acontecerá em Bruxelas em 15 de junho e coincidirá com a primeira viagem de Joe Biden à Europa desde que se tornou presidente. Antes, Biden participou da reunião das cúpulas do G7 e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).

As cúpulas abrem espaço para os parceiros debaterem uma série de temas que cobrem desde o combate às mudanças climáticas e resolução de disputas comerciais, até a reconstrução da economia global atingida pela pandemia da covid-19.

No que diz respeito às questões fiscais globais, países desenvolvidos acordaram na tributação das empresas multinacionais com base no local de suas vendas e aplicação de um imposto mínimo de 15% sobre as multinacionais na reunião do G7, porém muitos detalhes ainda precisam ser acertados. A Comissão Europeia também apresentará seu próprio imposto digital, o que pode complicar as negociações.  O acordo realizado na reunião do G7 ainda precisa ganhar apoio do G-20 e dos países da OCDE.

A UE e os Estados Unidos também vão se empenhar para resolver duas disputas comerciais: uma sobre os subsídios governamentais em benefício da Airbus (Europa) e da Boeing (Estados Unidos), e as tarifas americanas sobre o aço e alumínio que levaram a uma retaliação da União Europeia.

Os dois parceiros almejam estar alinhados contra o uso de subsídios industriais distorcivos pela China, e discutem a criação de um Conselho de Comércio e Tecnologia que fomentará o comércio e o investimento em tecnologias consideradas críticas. Será discutido, ainda, um esforço conjunto de fabricação e distribuição de vacinas para o combate à pandemia.

Os Estados Unidos também pretendem propor um acordo de transferência de dados com o bloco europeu. No ano passado, o Tribunal Superior da UE anulou um acordo de fluxo de dados com os EUA intitulado Privacy Shield devido ao temor das práticas de vigilância americanas.
Esse foi o segundo acordo anulado de dados que sustentam bilhões de dólares no comércio digital entre as duas regiões.

Na agenda climática, a UE e os EUA planejam cooperar com o objetivo de promover esforços para a redução das emissões de gases antes de uma rodada-chave nas negociações climáticas no âmbito das Nações Unidas, na COP 26, em novembro em Glasgow. A proposta inclui mobilizar a sustentabilidade nos países mais pobres e um compromisso de intensificar os esforços para cumprir a meta de US$ 100 bilhões por ano em financiamento climático.

Contudo, os Estados Unidos estão preocupados com a meta de 2030 de sustentabilidade para a transformação da agricultura “verde”. Com um modelo de agricultura familiar, a UE tem facilidade para modificar sua produção de alimentos em comparação com as grandes monoculturas dos EUA. Legisladores americanos, porém, alertam que o modelo pode trazer impactos negativos para o comércio bilateral entre as duas regiões.

Outros pontos que devem ser abordados sobre a sustentabilidade e mudanças climáticas são o desencorajamento de investimento em combustíveis fósseis e a eliminação progressiva do carvão como fonte de energia, precificação de tarifas de carbono, o “cross border tax” e o financiamento sustentável.