Crise no Mar Vermelho afeta o comércio europeu



Originários do Iêmen, os houthis – um grupo islâmico xiita apoiado pelo Irã – vêm atacando navios que atravessam o estreito de Bab al-Mandab que separa o nordeste africano do Iêmen. A ação do grupo de militantes defende a causa palestina e seu alvo são navios ligados a Israel, principalmente dos Estados Unidos, Reino Unido e Europa, e está comprometendo cadeias de suprimentos. Estima-se que 15% do comércio marítimo, inclusive 8% das remessas de grãos, 12% do petróleo e 8% do gás natural passe pelo Mar Vermelho todos os anos.

A pesquisa do índice de atividade (PMI) da S&P Global indica índices decadentes dado a maiores prazos de entrega na zona do euro. Isto é um reflexo da mudança de rota de diversos de navios porta-contêineres para evitar o estreito de Bab al-Mandab e seguir pela rota da África que é mais longa.

Os exportadores europeus mais afetados são os países do sul como a Itália, Grécia e Chipre. Em muitos casos, “o prazo de validade dos produtos frescos não permite prolongar a viagem em 15 a 20 dias”, disse Cristian Maretti, presidente da Legacoop Agroalimentare, que representa as cooperativas agrícolas e alimentares italianas, à Ansa. Entregas originárias da Ásia estão também comprometidas, como no caso do óleo de palma usado na preparação de alimentos de valor agregado na Europa.

Devido aos riscos de perdas pelos problemas de rota, as exportações de alguns produtos perecíveis italianos foram interrompidas. São os casos de maças e couve-flor. Eventuais quedas de preços preocupam o setor dado o volume da sobre oferta no mercado europeu. Do lado industrial, montadoras de automóveis dependentes de componentes importados também alteraram suas rotas. A Tesla na Alemanha, a Volvo Cars na Bélgica e a Suzuki na Hungria são exemplos onde certas linhas de produção foram suspensas.

A continuação dos problemas logísticos gera preocupações sobre o aumento do custo do transporte, com potenciais impactos na inflação de bens de consumo. Alguns economistas alertam para o risco de maiores rupturas comerciais e tensões nas cadeias globais de valor.