Disputa comercial entre Estados-Unidos e União Europeia



Os Estados Unidos iniciaram uma política de aumento de tarifas sobre produtos importados, afetando inicialmente China, Canadá e México.  Essa política foi condenada pela Comissão Europeia, que declarou que tais medidas podem perturbar o comércio global, prejudicar importantes parceiros econômicos e gerar incertezas desnecessárias em um momento em que a cooperação internacional é mais essencial do que nunca. O governo Trump impôs tarifas de 25% sobre importações dos países vizinhos, afetando inclusive produtos agrícolas, e aumentou as tarifas já existentes sobre produtos chineses. Seguindo essa mesma linha, em 26 de fevereiro, os Estados Unidos anunciaram a intenção de aplicar tarifas adicionais de 25% sobre exportações da União Europeia, com o presidente norte-americano argumentando que os EUA enfrentam barreiras para exportar para a UE, enquanto o mercado norte-americano permanece aberto aos produtos agrícolas europeus.

O comércio agroalimentar entre a UE e os EUA apresenta um desequilíbrio significativo: em 2024, a UE exportou para os EUA produtos agrícolas e alimentares no valor de € 38 bilhões (US$ 39.6 bilhões), enquanto importou € 14 bilhões (US$ 14,6 bilhões) desses produtos dos EUA[1]. Caso os EUA apliquem as tarifas anunciadas, os setores mais impactados na UE serão o de vinhos, laticínios, óleos vegetais, produtos de panificação e massas, além de frutas e vegetais processados, categorias que podem sofrer perdas significativas com o aumento de tarifas.

Diante dessa ameaça, a União Europeia declarou em 27 de fevereiro estar preparada para acionar seu Instrumento Anti-Coerção (ACI) contra os EUA. Para que a medida seja efetivada, é necessário obter uma maioria qualificada no Conselho da UE – que pelo menos 15 dos 27 Estados-membros votem a favor. O ACI foi concebido para responder a práticas comerciais coercitivas de países terceiros e pode permitir retaliações proporcionais da UE caso as tarifas dos EUA sejam implementadas.

Caso a UE opte por retaliar, poderia direcionar as medidas às exportações norte-americanas de soja – Usado para a alimentação animal e a produção agropecuária europeia -, já que esse produto agrícola é um dos quais a UE tem um déficit e é responsável por 13% das exportações de soja dos EUA. No entanto, retaliar contra as importações de soja poderia contrariar a estratégia europeia de diversificação de fornecedores, que busca reduzir a dependência de países sul-americanos como o Brasil e a Argentina.


[1] Usando cotação EUR/USD do dia 31 de dezembro de 2025