Eleições na Alemanha – o que esperar para o comércio da União Europeia



Após 16 anos de Angela Merkel na liderança política da principal economia da União Europeia e seu anúncio de aposentadoria da vida política, os alemães foram às urnas no final do mês de setembro para o que seriam as primeiras eleições nacionais. Contudo, com resultados não conclusivos em relação a uma maioria partidária, possíveis opções de coalizações começaram a ser apresentadas ao longo do mês de outubro.

Nominalmente, o grupo de centro-esquerda dos Sociais Democratas (SPD) obteve maioria de votos (25,7%), e foram seguidos do grupo de centro-direita dos Democratas Cristãos (CDU), com 24,1%, considerado para estes uma derrota frente aos 32,9% registrados nas últimas eleições, em 2017, que garantiram a manutenção de Merkel como Chanceler. Nesse cenário, e frente ao crescimento do movimento ambientalista que registrou 14,8% dos votos, uma coalização entre o grupo de centro-esquerda (SPD), os Verdes e o grupo pró-mercado Free Democratic Party começou a ser orquestrada. Confirmada a coalização, o posto de Chanceler deverá ser ocupado por Olaf Scholz, que é atual vice Chanceler e Ministro das Finanças na administração de Merkel desde 2018.

A Alemanha é o maior exportador europeu e terceiro maior exportador mundial (atrás de China e Estados Unidos), e tem liderado a agenda comercial do bloco. Não obstante, o tema comércio não tem sido um elemento central nas atuais negociações para um possível governo de coalização entre centro-esquerda, verdes e liberais. Os três grupos políticos apresentam posições contrastantes, e objetivos comuns deverão ser identificados para que a agenda comercial europeia não seja afetada por um eventual impasse alemão.

O grupo liberal Free Democratic Party tem uma clara orientação mercadológica, e segundo a eurodeputada Svenja Hahn, o partido advoca tanto pela ratificação do acordo com o Mercosul e pela plena entrada em vigor do acordo com o Canadá, quanto pela retomada das negociações comerciais com os Estados Unidos. Já o Verdes, segundo a deputada Anna Cavazzini, adotam uma postura que exige que as regulamentações ambientais e de direitos humanos europeias extrapolem os tratados internacionais do bloco, o que fundamenta pedidos para reabertura das negociações com o Mercosul. Para o eurodeputado Bernd Lange, do grupo de centro-esquerda SPD, todos os partidos envolvidos nas negociações de coalizão entendem a grande importância do comércio para o país, e por essa razão a agenda comercial não deverá ser prejudicada, independentemente do acordo que será firmado entre as partes.