Forum for the Future of Agriculture (FFA) realiza evento online
O FFA é uma conferência internacional, sediada em Bruxelas, que aborda a agenda sustentável na cadeia agroalimentar. Edições nacionais são ainda sediadas, ao longo do continente europeu, todos os anos. O evento ocorre, anualmente, desde 2008 e tem, no seu conselho diretivo, a Organização Europeia dos Proprietários de Terra (European Landowners’ Association – ELO) e a Syngenta, ambos membros fundadores. Entre os parceiros estratégicos, estão as organizações The Nature Conservancye a WWF. A edição 2020 da conferência, programada para o março, foi cancelada devido à pandemia do coronavírus e às medidas de confinamento aplicadas à época na Europa. Em uma versão reduzida, a organização realizou a primeira versão online do FFA no dia 15 de junho. Uma apresentação bipartite entre Bruxelas e Berlim ofereceu um panorama atual da cadeia agroalimentar dos pontos de vista institucional e privado.
Na sede do FFA em Bruxelas, o anfitrião do fórum, Janez Potočnik, foi acompanhado por Catherine Geslain-Lanéelle, vice-chefe de gabinete do Comissário Europeu para Agricultura. De acordo com a oficial europeia, a crise recente não só expôs a importância central da cadeia alimentar, mas também ofereceu uma visão prática da resiliência da União Europeia no quesito segurança alimentar. Não obstante, desafios persistem, como o aumento do uso de biomassa na produção europeia e a diminuição da dependência de insumos importados, ainda segundo Catherine. Para a representante europeia, a cadeia de ração animal está duplamente em evidência: é altamente dependente de insumos importados e de um número limitado de parceiros. Comentou-se que, além do instinto natural, pós-crise, de aumentar as compras locais, a abertura comercial, no sentido de ampliar a rede de fornecedores, é um item essencial para o aumento da autonomia estratégica da União Europeia.
Na fronte alemã do evento, que contou com representantes das empresas BÖLW e PIELERS, além do parlamentar alemão Gero Hocker, o tema central foi o impacto mercadológico de práticas de sustentabilidade e do uso de subsídios estatais. Os representantes do mercado argumentaram que programas de subsídios influem na formação de preços de forma artificial e negativa, não permitindo a transparência necessária para uma avaliação, segundo eles, conjunta de custo, preço e prioridades. Conforme exposto, a extinção de subsídios à produção traria transparência no sistema de preços, majorando-o de acordo com a demanda. O representante parlamentar questionou a real demanda por produtos orgânicos, uma vez que, segundo ele, pesquisas apontam que, embora 90% dos consumidores manifestem disposição de pagar mais por alimentos considerados mais saudáveis, apenas 10% realmente o fazem.
Os participantes em Berlim e em Bruxelas argumentaram, em conclusão, que eventuais aumentos de preços decorrentes da eliminação dos subsídios devem ser combatidos no âmbito social. Em vez de subsídios à produção e diminuição de custos, foi sugerido que políticas de incremento de renda devem garantir maior poder de consumo a toda a sociedade. Os subsídios agrícolas na União Europeia são regidos pela Política Agrícola Comum (PAC), que determina objetivos, parâmetros e limites estabelecidos para as políticas de auxílios estatais à produção. No último orçamento multianual da União (2014-2020), cerca de €291 bilhões foram destinados a programas de suporte à agricultura, ou aproximadamente 25% do orçamento total da União Europeia.