Novo governo alemão: qual o rumo para os futuros acordos com o bloco europeu?



Em 24 de novembro, líderes do Partido Social-Democratas (SPD), Verdes, e Democratas Livres (FDP) fecharam um pacto de coalizão e nomearam Olaf Scholz como Chanceler para liderar o governo alemão nos próximos anos. O acordo de coalizão ainda deve ser aprovado e, caso prevaleça, o novo governo deverá tomar posse em dezembro.

A proposta do acordo de coalizão possui peso na política interna e externa da União Europeia, já que a Alemanha representa a maior economia do bloco.

No que diz respeito à política interna, o acordo de coalizão será a primeira aliança tripartite em nível nacional, e visa combinar as principais prioridades dos diferentes partidos. Alguns dos objetivos são aumentar o salário mínimo do país, conforme defendido por Scholz e o SPD; manter a disciplina fiscal, uma causa defendida pelo FDP; e atender os Verdes na priorização de estratégias contra mudanças climáticas.

No que se refere à política externa do bloco, os três partidos concordaram que a Alemanha deve apoiar o comércio e os investimentos com os EUA. Segundo o acordo de coalizão, “a Europa deve aproveitar a oportunidade para entrar em um intercâmbio intensivo com a nova administração dos EUA, para promover o comércio e o investimento com elevados padrões ambientais e sociais, e definir padrões globais com a área econômica transatlântica.”

Além do mencionado, o acordo de coalizão também acrescenta que “junto com os EUA, queremos promover o comércio multilateral, a reforma da OMC, o estabelecimento de padrões ambientais e sociais, a prosperidade e a dinâmica do comércio global sustentável”.

Em grande parte, a coalizão mantém os objetivos comerciais contidos na política do antigo governo de Angela Merkel, porém, em relação às negociações com a China, o acordo de coalizão afirma que “a ratificação do Acordo de Investimento UE-China no Conselho da UE não pode ocorrer no momento por várias razões”, diferentemente do posicionamento de Merkel. Do lado europeu, o Parlamento do bloco se recusa a aprovar o acordo enquanto a China mantiver sanções contra vários legisladores da UE. No que concerne ao Mercosul, o texto da coalizão expressa apoio à ratificação do acordo comercial da UE com o bloco, mas sob a condição de que novos compromissos juridicamente vinculados em relação às normas ambientais, sociais e de direitos humanos sejam acordados.

Os partidos também afirmam que só decidirão se apoiam a ratificação do acordo comercial da UE com o Canadá após uma decisão do Tribunal Constitucional alemão sobre a legalidade do acordo.