Resultados do agro europeu em 2020



O fechamento do setor de turismo, bares e restaurante durante os períodos de lockdown na União Europeia, assim como as medidas de isolamento social, representou forte choque ao setor agrícola e de alimentos no continente. Nos casos de leites, laticínios e vinho, a combinação de preços baixos e altos estoques fez com que a Comissão Europeia adotasse medidas de resgates ao mercado, como a remuneração a produtores por volumes não vendidos (private storage aid) e a suspensão de algumas regras de competitividade. Neste último caso, foram concedidas autorizações ad hoc para que produtores diminuam produções e retirem produtos do mercado, para estimular aumentos de preços por reduções na demanda. Medidas semelhantes foram autorizadas também para o setor de flores.

O lobby europeu representante de produtores e cooperativas agrícolas, o grupo Copa-Cogeca, listou em comunicado público de 12 de fevereiro os setores mais afetados no continente entre o final de 2020 e o início de 2021: demanda e preço reduzidos para as carnes suína e de frango; e aumentos de preço de produtos intermediários da cadeia exportadora, como grãos de soja e sementes oleaginosas. Não obstante as incertezas apresentadas em 2020, a União Europeia manteve-se como o maior exportador mundial de produtos da cadeia agroalimentar. Segundo dados do eurostat de 15 de fevereiro, as exportações de alimentos e bebidas registraram aumento de 2% em relação a 2019,
alcançando € 166 bilhões, com um saldo positivo no setor de € 52,7 bilhões.  Esse montante representou 24,3% do superávit comercial total da UE em 2020, de € 217,3 bilhões.

No relatório EU Agricultural Outlook 2020-2030, apresentado em 19 de janeiro, a Comissão relata que do consumo total de cereais no bloco em 2020, 260 milhões de toneladas, 10% foram importados de terceiros países. Já com relação às oleaginosas (soja, canola, semente de girassol e amendoim), a dependência do produto importado foi maior: cerca de 43% do consumo total de sementes e farelo, 49,2 e 47,8 milhões de toneladas, respectivamente.

Dos 108,6 milhões de toneladas de beterrabas colhidas em 2020, 89% foram destinadas à produção de açúcar e outros 11% para o setor de etanol. Importou-se, ainda, 10% do consumo europeu de açúcar estimado em 16,5 milhões de toneladas. A produção total de biocombustíveis somou 14 milhões de toneladas (equivalentes), às quais foram somadas outras 3,9 milhões de toneladas importadas para completar o consumo estimado de 14 milhões. Outras 1,6 milhões de toneladas de biocombustível foram exportadas.